Em uma tentativa simbólica, poderíamos apresentar a consciência da seguinte maneira: em um imenso castelo (psique), com muitos cômodos e empregados, uma rosa plantada em um vaso é colocada à mesa da sala de jantar. Tudo o que a rosa (ego) conhece do castelo é a sala de jantar (consciente); tudo o que ela perceber de si mesma é o vaso (consciência); ela e o vaso são praticamente uma única personalidade, uma mesma coisa. A consciência é então a única parte da psique que é diretamente conhecida por nós, onde todas as sensações, imagens, pensamentos, sentimentos e desejos são percebidos, onde podemos observar, analisar e julgar. O ego (rosa) é, pois, o centro da consciência. Mas esse vaso e a terra nele contida não se criaram a si mesmos: a terra é parte da “grande terra”, que é ao mesmo tempo desconhecida, mas sentida como um vir-a-ser da terra contida no vaso. 

Carl Gustav Jung afirma que “a consciência não se cria a si mesma; emana de profundezas desconhecidas. Desperta gradualmente na infância e durante toda a vida desperta, a cada manhã, das profundezas do sono, surgindo de uma condição inconsciente.” Com essa afirmação de Jung podemos observar que a personalidade, ao contrário do que alguns teóricos acreditavam, pode e deve modificar-se constantemente.

A consciência amadurece e desenvolve-se a cada nova experiência, a cada novo conflito. Aliás, é através do conflito que uma nova percepção da vida surge. Joanna de Ângelis (O Homem Integral) afirma: “O nascimento da consciência se opera mediante a conjunção dos contrários, como decorrência de uma variada gama de conteúdos psíquicos, que formam as impressões arquetípicas ao fazerem contato com o ego, dando surgimento à sua substância psíquica e tornando todo esse trabalho um processo de individuação.” E continua, na mesma obra: “sem essa dualidade de opostos, que leva à reflexão, no processo de individuação, não há aumento real de consciência, que somente se opera entrando em contato com os opostos e os absorvendo”.

O confronto entre opostos ocorre sempre que uma atitude consciente entra em luta com desejos inconscientes, por exemplo: uma pessoa educada com muito rigor emocional e que reprime a raiva, quando adulta em uma situação de atrito com o cônjuge fica muda e não consegue expressar sua indignação e logo depois aparece com manchas arroxeadas pelo corpo. O desejo de expressar a emoção e a atitude consciente de reprimir são opostas, e se a pessoa não encontrar um meio-termo entre guardar a raiva e expressá-la, não conseguirá crescer com essa emoção e tenderá a continuar reagindo como reagia na infância. Só o reconhecimento dos conteúdos reprimidos permite uma expansão da consciência, o que contribui para o nosso processo de individuação.

Todo o crescimento acontece de dentro para fora, e é na nossa escuridão que encontramos a luz da consciência. E, é nela que está escrita a Lei de Deus (Questão 621 do L.E.), mas, necessário se faz que essa seja a meta da nossa vida, sermos conscientes da nossa realidade como espíritos e tomarmos consciência da nossa realidade psicológica, assim poderemos compreender quem somos e qual o nosso papel nesse mundo. A Lei de Deus está na “grande terra” e a terra contida no vaso sabe que faz parte dela, embora possua sua individualidade e que depende dela para ser plena.

E para concluirmos: “O ser consciente deve trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da sua realidade psicológica, aceitando-se como é e aprimorando-se sem cessar. Somente consegue essa lucidez aquele que se autoanalise disposto a encontrar-se sem máscara, sem deterioração. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se acusa nem se culpa. Apenas descobre-se.” Joanna de Ângelis (O Ser Consciente).
Correio Espirita.
Autor: 

Iris Sinoti

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