O movimento espírita, desde o seu nascimento, conta com a força feminina.

No Brasil, país com o maior número de adeptos da Doutrina Espírita, a presença de mulheres excede em número a presença masculina nas instituições espíritas.

A história das mulheres no Espiritismo, no entanto, começou com as Irmãs Fox e teve como grande expoente Amélie Boudet, que atuou ao lado de Kardec, na Codificação. Mas elas não são as únicas.


A Doutrina Espírita e a igualdade entre homens e mulheres

A Doutrina Espírita foi pioneira ao afirmar que as mulheres são iguais aos homens no que diz respeito aos direitos, mas diferentes em relação às funções.

Vejamos a seguir o que nos diz a obra inaugural da Doutrina Espírita, O Livro dos Espíritos, sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres (Livro Terceiro – Capítulo 9 – Questões 817 a 822).

Como não poderia deixar de ser, fica claro que, tendo inteligência para discernir entre o bem e o mal e tendo sido criados para progredir, todos são iguais e têm os mesmos direitos perante Deus.

E que os abusos cometidos contra a mulher são consequência das instituições sociais e do abuso da força, quando na verdade, o mais forte fisicamente deve proteger o mais fraco e, cada um dando sua cota de colaboração, vão se ajudar mutuamente – e à sociedade no geral.

Sobre esse fato, Kardec afirma que “Deus apropriou a organização de cada ser às funções que ele deve desempenhar. Se deu menor força física à mulher, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e a debilidade dos seres confiados aos seus cuidados”.

 Da mesma forma, a Doutrina Espírita defende a igualdade de direitos perante a lei humana, conforme consta na questão 822 A, da obra já citada: “todo privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça. A emancipação da mulher segue o progresso da civilização, sua escravização marcha com a barbárie. Os sexos, aliás, só existem na organização física, pois os Espíritos podem tomar um e outro não havendo diferenças entre eles a esse respeito. Por conseguinte, devem gozar dos mesmos direitos”.



4 mulheres no Espiritismo, 4 histórias de dedicação

A atuação das mulheres no Espiritismo ocorreu em todos os continentes, em todos os tempos, começando com o nascimento da Doutrina Espírita, na França.

Ao lado do Codificador, sua esposa, Amélie, usou sua energia e inteligência para ajudar na pesquisa que deu origem à Codificação Espírita, bem como na função e condução da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Mas outras grandes damas também deram sua colaboração essencial para que a divulgação e crescimento da boa nova.

A seguir, citamos 4 mulheres no Espiritismo.



Amélie Gabriele Boudet, a Sra. Allan Kardec

Educadora, poetisa, escritora, a esposa do líder espírita, Allan Kardec, sempre foi uma mulher à frente do seu tempo. E, claro, tinha que abrir esta lista de mulheres no Espiritismo.

Amélie Gabriele Boudet dirigiu uma escola ao lado do esposo e, juntos, defendiam que as meninas também tivessem acesso à educação de qualidade – à época, privilégio dos meninos -, onde ofereciam vagas para as garotas.

A participação de Gabi, como era carinhosamente chamada pelo esposo, foi essencial no trabalho que possibilitou o surgimento da Terceira Revelação.

Era ela quem acompanhava o esposo, ajudava-o na administração dos assuntos relacionados à nova doutrina, discutia conceitos espíritas etc.

Inteligente, doce, mas muito forte, foi ela quem o substituiu na condução da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, após o desencarne de Kardec. Devemos muito a essa mulher corajosa, muito a frente de seu tempo e, infelizmente, nem sempre lembrada.


Amalia Rodrigues Soler

Espanhola, Amália Rodrigues Soler, foi essencial para a propagação das ideias espíritas em seu país.

Teve uma vida difícil, com poucos recursos e com cuidados da mãe enferma. Em um momento difícil de sua vida, vê o Espírito de sua mãe desencarnada, que lhe encoraja a prosseguir e ter fé.

Buscando ajuda médica para um problema de visão, conhece o Espiritismo através do médico homeopata.

Trabalhando como costureira para seu sustento, dedica-se à escrita, sendo poetisa, articulista e médium de psicografia.

E, mesmo diante de uma rotina estressante, teve tempo de ser uma representante de peso das mulheres no Espiritismo.

É de sua autoria o conhecido livro Memórias de Padre Germano, narrativas que contam histórias de seu mentor espiritual, quando encarnado, entre outros.


Zilda Gama

A mineira, Zilda Gama é outra representante digníssima das mulheres no Espiritismo. Aos 24 anos, após o desencarne dos pais, assumiu os cuidados de 5 irmãos e 5 sobrinhos órfãos.

Foi professora, escritora e defensora dos direitos femininos.  Foi dela a tese, em 1931, que aprovou o voto feminino no Congresso Nacional Brasileiro.

Também foi uma das primeiras médiuns a receber livros através da Psicografia.  Por sua mediunidade surgiram obras ditadas pelo Espírito Victor Hugo, como Na Sombra e na Luz e Redenção.


Yvonne do Amaral Pereira

Nascida no Rio de Janeiro, Yvonne do Amaral Pereira foi uma das maiores médiuns que se tem conhecimento.

Convivendo com lembranças de outras encarnações desde menina, conversava com os Espíritos que foram seu pai e o seu noivo em existência anterior – e, quando pequena, tinha dificuldades em entender todo o processo.

Através de sua mediunidade, inúmeros livros, com histórias fantásticas, proporcionam momentos de lazer e aprendizado. Isso sem contar em sua produção pessoal, fruto de sua observação doutrinária.

TInha, portanto, que figurar nesse pequena lista de grandes mulheres no Espiritismo.

Muitas outras mulheres no Espiritismo têm colaborado, de variadas formas, na construção do Espiritismo. Algumas de maneira sutil, outras mais explicitamente. Todas elas, certamente, deixando o meio espírita mais doce e firme.

A todas, pelo carinho com que se dedicam às Casas e à Causa Espíritas, nossos parabéns e agradecimentos!

 

Martha Rios Guimarães

www.cafecomkardec.com.br


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