Cada vez se ouve falar mais sobre a nova era que está por vir e que deve se verificar no novo milênio que se inicia, período em que a vida neste planeta deverá ser melhor, não havendo mais tanta violência, miséria, corrupção e tantos outros males que têm afligido a humanidade. Embora haja grande expectativa quanto à vinda deste período, nada de concreto se tem feito para que isto aconteça, como se a melhoria do mundo não dependesse da ação dos que nele vivem. Por esta razão o que se vê é o planeta caminhar cada vez mais para o desequilíbrio e para um situação que já beira o insustentável.
Sabemos que a humanidade caminha por um processo de evolução material e intelectual que deverá trazer ao planeta, como consequência, a evolução espiritual. Allan Kardec em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo XXV, faz um rápido apanhado deste processo evolutivo, que pode ser resumido no segundo parágrafo do item 2: "Na infância da humanidade, o homem só aplica a sua inteligência na procura de alimentos, nos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos inimigos. Mas Deus lhe deu, a mais do que o animal, o desejo constante de melhorar, ou seja, essa aspiração do melhor, que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua situação, levando-o às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da ciência, pois é a ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Graças às suas pesquisas, sua inteligência se desenvolve, sua moral se depura. Às necessidades do corpo sucedem as necessidades do espírito; após o alimento material, ele necessita do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização".
Assim sendo, a criação de novas necessidades deve ser para o homem uma fonte de progresso material e intelectual que traz, como consequência, o progresso moral. No entanto o que se vê é que ele tem criado, em maior número, necessidades artificiais e isto tem trazido para si apenas aflições. Não compreendeu ainda que a felicidade possível neste mundo é, para a vida material, a posse do necessário e, para vida moral, a consciência pura, como dizem os Espíritos Superiores.
A experiência na matéria é importante para que o Espírito possa evoluir, pois estando preso ao corpo físico, sofrendo suas influências, é que ele é testado e adquire condições de progresso. Desta forma é justo que usufrua, para este fim, dos bens materiais que estejam à sua disposição e que o trabalho digno empreendido na conquista destes bens traga a ele benefícios materiais e morais.
Porém o que se observa é que o ser humano, pela sua ignorância, coloca a conquista destes bens materiais como prioridade para sua vida, esquecendo-se que esta é apenas uma breve passagem, pois a vida verdadeira é a espiritual que é eterna e para qual só valerão os bens morais que tiver acumulado.
Observando-se o mundo atual, verifica-se que a humanidade já está em plena civilização material em face do grande progresso tecnológico proporcionado pela ciência, porém está ainda muito longe de chegar à civilização moral. Basta verificar o materialismo que domina as suas ações, a violência, a miséria, a corrupção e a promiscuidade que campeiam os quatro cantos do mundo.
É tempo da humanidade despertar para as verdades eternas, aquelas que lhe trarão o progresso espiritual e, por consequência um mundo melhor. Dizem os Espíritos Superiores, na questão 930 de "O Livros dos Espíritos", que "numa sociedade organizada segunda a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome", acrescentando sabiamente Kardec: "Com uma organização social previdente e sábia o homem não pode sofrer necessidades, a não ser por sua culpa, mas as próprias culpas do homem são frequentemente o resultado do meio em que ele vive. Quando o homem praticar a lei de Deus disporá de uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e com isso ele mesmo será melhor".
É preciso, pois, que o homem tenha consciência de que ele próprio é o artífice de sua vida presente e futura. Deve compreender que os seus sofrimentos materiais e morais são consequências das suas ações e que deles não se libertará enquanto estiver preso ao orgulho, à ambição, à avareza, à inveja, ao ciúme e a todas as paixões que escravizam e torturam sua alma.
Os Espíritos nos ensinam que o desenvolvimento moral deve ser a consequência imediata da evolução intelectual porém, de forma equivocada, a humanidade permanece ainda num primitivismo moral que a faz sofrer. As praticas religiosas atuais muito pouco mudaram desde os primeiros cultos criados pelo homem primitivo às suas divindades. Os rituais, as oferendas, as práticas exteriores ainda fazem parte do religiosismo atual.
O ser humano ainda não tem a consciência exata do verdadeiro sentido de sua vida material, não percebeu ainda que é um Espírito que vive temporariamente na matéria e, por isso, ainda coloca como objetivo de seus anseios as conquistas materiais em detrimento da busca dos verdadeiros e definitivos bens que são os espirituais. Enquanto a humanidade permanecer com estas práticas permanecerá ainda por muito tempo no atraso moral e espiritual.
Autor: Delmo Martins Ramos
Fonte: http://www.novavoz.org.br
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24/04/2021 10H05