O conceito de homem integral indica antes um processo do que uma substância. Um processo que tem como meta o aperfeiçoamento espiritual, contingência natural da Evolução.
Ao se vincular o conceito de “homem integral” com a marcha processual evolutiva, emerge imediatamente a ideia do vir-a-ser, a dinâmica do tornar-se — vir-a-ser, tornar-se, no momento futuro, cada vez mais aperfeiçoado do que se está no momento presente.
Claro que a observação desse aperfeiçoamento implica necessariamente em uma relação. Ou seja, está-se mais ou menos aperfeiçoado em comparação com alguma coisa, com algum padrão (elemento mais permanente, mais estável), que pode ser padrão de pensamento, de comportamento, de ação, etc. No processo de aperfeiçoamento o padrão é um padrão cósmico.
Deve haver uma preocupação da parte dos espíritas em não confundir “homem integral” com “homem perfeito”, uma vez que o Espiritismo não trabalha a idéia de perfeição, mas de aperfeiçoamento como processo.
O Cosmo é regido por leis que indicam a inteligência da Creação, a harmonia cósmica, uma harmonia que o homem integral almeja em si, em seu eu interno e seu eu externo.
À medida que o homem vai descobrindo a expressão melhor dessas leis, vai alcançando melhor também o seu significado. Entendendo a expressão e o significado dessas leis existentes na Creação, o homem tem a oportunidade de compreendê-las e assimilá-las, conscientizando-se de que quanto mais observá-las, maior será o seu equilíbrio físico, mental e espiritual.
O homem integral é aquele que conhece tais leis e é capaz de viver de acordo com elas. E como esse conhecimento se amplia permanentemente, a partir das verdades alcançadas pela Ciência, Filosofia e Religião, todos os dias o ser humano tem a chance de exercitar esse aperfeiçoamento.
Conhecimento e conscientização acerca da realidade cósmica, portanto, são os elementos fundamentais da condição de homem integral e os pressupostos de sua ação.
O homem integral conhece a harmonia cósmica e está conscientizado a respeito de suas características. Está consciente do processo evolutivo, da visão sistêmica do mundo; está consciente de que a manutenção do equilíbrio requer auto-aprendizado, auto-atualização permanente.
O homem integral tem consciência de si mesmo, em sua dimensão física, mental e espiritual, não descurando de aperfeiçoar, pois, a administração das necessidades e limitações do corpo físico (incluindo desde a higiene corporal até a higiene alimentar). O homem integral tem consciência da concretude dos seus pensamentos e do que eles representam para o sentido estrutural da mediunidade, conseguindo dominar o fenômeno mediúnico, administrando-o em benefício social e próprio. Finalmente, o homem integral tem consciência de que é, essencialmente, espírito, e da significação do trabalho permanente de construção da identidade cósmica com o Creador.
A partir dessa conscientização e conhecimento, o homem integral passa a reconhecer a validade do exercício responsável, digno, dos papéis sociais que escolheu desempenhar (seus papéis familiares, profissionais, religiosos e assim por diante), posicionando-se historicamente, criticamente, no continuum espaço-tempo. E as lidas, os encontros humanos, que acontecem ou são produzidos, no cotidiano, assumem a condição de laboratórios do aperfeiçoamento espiritual, eis que envolvem situações de desafio às potencialidades humanas.
O homem integral está comprometido com o fazer crístico, tentando, insistentemente, adequar seu viver à exemplificação de Jesus. Portanto, está em ação, vivenciando princípios, mudando seu comportamento, elevando ao máximo sua interação com o meio, diminuindo as contradições entre seus valores e seu agir, intensificando sua leitura de mundo.
Fonte: https://www.sbee.org.br