De todas as características do período em que estamos vivendo, da pandemia e sua repercussão em nossa sociedade, a reorganização social em distanciamento de alguns e a convivência forçada e integral com os mais próximos talvez seja a que mais nos desafie a viver os princípios de amor e caridade que apregoa nossa doutrina.
Nesse contexto de privações, não é difícil nos solidarizarmos com aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social ou que têm vivido o impacto econômico da pandemia com a perda de suas fontes de recursos materiais. Não é difícil nos comovermos com as inúmeras histórias de familiares que viram seus entes queridos definharem com tal doença e, no desespero, lutarem por uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Não é difícil mobilizarmos nossos sentimentos de empatia ao depararmos com a dificuldade dos familiares em não poderem acompanhar seu parente amado nos momentos finais de sua jornada encarnatória.
Na vivência cotidiana, no entanto, em que somos impelidos a conviver integralmente com o próximo mais próximo, somos desafiados a viver, sem escusas, o Evangelho de Jesus. Ou isso ou a experiência da convivência pode escalar-se a níveis intoleráveis.
E se estamos passando pela tão aclamada transição planetária, cabe a nós espíritas – principalmente, por não podermos alegar ignorância – assumir nossa parcela nesse processo e avocar de vez as rédeas de nossa reforma íntima. Abraçarmos os valores que nos identificam como cristãos e materializá-los em nossas ações.
Em tempos de isolamento, somos desafiados a enxergar as oportunidades do testemunho. Mas a verdade é que os pequenos esforços são passos certeiros na caminhada de evolução. É o acolher em escuta amorosa o amigo que sofre. É vigiar para que não nos tornemos consumidores ávidos de números e estatísticas, notícias de dor e sofrimento, de forma que nosso pensamento não se embrenhe na densa onda de vibrações pessimistas. Reagir com caridade às ocorrências caseiras, sem posturas inflamadas, olhando para o companheiro de jornada como olhamos àquela visita querida e tão esperada. É o evangelho no lar em prece e vivência!
Se hoje não somos mais reclamados a percorrer estradas áridas em viagens missionárias para divulgar a palavra do Mestre, podemos fazer repercutir seus valores por meio de nossas ações. Que nossas falas – ao vivo, por telefone ou nas redes sociais – ecoem os ensinamentos do Cristo, sem nos abstermos da responsabilidade de defendermos seus princípios. A defesa do Evangelho já não é feita pelo sacrifício na cova dos leões, mas pela vivência cristã em nosso cotidiano e a exemplo do Mestre Nazareno. É imperioso, assim, que nos posicionemos em favor do bem e não apenas nos abstermos de fazer o mal – como Kardec mesmo já nos alertou.
Que possamos refletir em nossa humilde existência, de acordo com cada ritmo de caminhada, nosso anseio pela Terra regenerada. Arando nosso solo e semeando a palavra de Jesus, vamos abraçando a parte que nos compete no processo de fazer nosso planeta um lugar melhor.
Por Camila Louise
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Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra, a terra prometida por Jesus. Se não procurarmos nos esforçar para combater os males interiores que cada um de nós carrega, o mal se apossa de nós. Conhecer e viver o Cristo humano para compreender o Cristo Cósmico é o lição básica do evangelho.