Clara nasceu em Assis, Itália, no dia 11 de julho de 1194, numa família rica e nobre. Filha primogênita de Hortolana e Favarone. Sua mãe temendo a chegada do momento do parto refugiava-se na oração.

Um dia, de joelhos, rezava aos pés de um crucifixo e pedia ajuda ao Senhor temendo um parto difícil quando ouviu uma voz que lhe dizia: “Não temas, mulher, porque terás um parto normal e a luz daquela que vai nascer resplandecerá com mais claridade que um dia de sol”. Por este motivo, no Batismo deu à filha o nome de “Clara”.



Desde jovem o hábito de rezar era sua ocupação e ela trazia junto ao seu corpo um cilício de pelos ásperos para se mortificar. Quando em Assis falava-se sobre a conversão de Francisco, Clara estava com 13 anos e despertava um grande desejo de estar com Francisco assim como ele também desejava encontrar-se com ela devido a sua fama de bondade difundida pela cidade de Assis.

Aos 17 anos de idade, seus pais preocupados com seu futuro, falavam-lhe sobre casamento. Clara era bonita, elegante e muito assediada, mas revelou a seus pais que havia consagrado sua virgindade a Deus como demonstração de amor. Seus pais não aceitaram a sua decisão.

Ela esforçava-se no amor a Jesus e sentia em seu coração o chamado para segui-lo. Tinha compaixão para com os pobres, para ela, representavam os seus filhos preferidos e para que seu sacrifício fosse mais grato a Deus, privava-se de alimentos mais requintados entregando aos mais necessitados.

Assim ela ia crescendo e fortalecendo-se na fé e no amor a Deus e ao próximo. No seu coração tinha um único propósito: seguir Cristo Jesus em absoluto na vida evangélica.
Aos 18 anos atingindo a sua maturidade para dar o passo decisivo, sabia que não seria compreendida por seus pais, mas confiou a Francisco que desejava realizar sua vocação e ele a guiou para cumprir os desígnios de Deus.

Francisco tornou-se seu guia espiritual, pedindo a ela que no Domingo de Ramos, com vestes de festa, fosse receber a palma benta na Igreja se São Rufino. Após a celebração eucarística, o “Bispo Guido” começou a distribuição dos ramos bento.

Enquanto suas irmãs e mãe encontravam-se próximas ao altar, Clara permaneceu em seu lugar num choro profundo onde o Bispo compreendeu o que ela estava sentindo, pois tinha sido informado por Francisco a respeito de seus propósitos.

Bispo Guido sai do altar vai ao encontro de Clara e entrega-lhe a palma benta. Na noite seguinte Clara saiu de casa por uma porta secreta, que raramente era aberta e que recebia o nome de “porta do defunto”, porque por esta porta passava os mortos rumo ao cemitério e também era usada em caso de perigo e por isso estava bem resguardada com grandes pedras.

Clara para abrir a porta foi ajudada por uma força sobrenatural e assim pôde sair da casa, e dirigiu-se a Porciúncula pequena capela dedicada a Nossa Senhora dos Anjos, distante uns 3 quilômetros, onde Francisco e seus irmãos a esperavam para consagrá-la a Deus.

Francisco cortou seus cabelos, deu-lhe um hábito igual ao dos irmãos e seu projeto foi viver na pobreza. Seu pai descobre seu refúgio e junto de parentes foram procurá-la tentando mudar a sua idéia, mas ela estava decidida a seguir a vida religiosa.

Quando quiseram tirá-la a força do local, Clara corre ao pequeno altar retirando o véu negro sobre a cabeça mostrando a todos a cabeça raspada que significava o seu definitivo adeus ao mundo. Após a insistência de seus familiares Francisco levou-a para o “Mosteiro das Beneditinas de São Paulo”, que não ficava distante e já estava preparado para recebê-la.

Exatamente 16 dias após a fuga de Clara, sua irmã caçula Inês se converte e ambas são levadas para mais longe, para o Convento de Sant Ângelo em Panzo.

Seu pai furioso com esta atitude manda chamar seu irmão Monaldo juntamente com outros homens fortes e armados para trazer Inês para casa. Chegando ao Convento, as irmãs de Sant’Angelo ficaram assustadas e quiseram entregar Inês.

Ela sofreu grandes agressões, apanhou, foi pisoteada, arrastada pelos cabelos para fora do Convento. Começou então a gritar, pedindo socorro a Clara sua irmã. Clara impotente corre a sua cela e reza fervorosamente pedindo misericórdia a Deus.

O corpo de Inês ficou muito pesado e rígido como se fosse pedra. Tio Monaldo furioso calçou uma luva de ferro com pontas e levantou os braços para esmagar a sua cabeça quando seu braço ficou totalmente paralisado no ar.

Clara chega para ajudar a sua irmã quase morta, então os homens abandonaram o local. Esta foi a última tentativa feita pela família para resgatar as filhas. Anos mais tarde Beatriz, irmã de Clara e Inês se converte e juntas permaneceram no Convento de Sant’Angelo provisoriamente.

Mais tarde mudaram-se para a capela de São Damião onde com a chegada de outras jovens o local  foi transformado em Mosteiro. Clara recebeu o título de “Abadessa de São Damião” e fundou a “Ordem das Clarissa”.

Enfrentando dificuldades de diversas naturezas, resolveu todos os problemas com fé e bravura. Também resistiu à tentativa de invasão do Convento pelos soldados de Frederico II que estavam em guerra com o Papa.

Estes queriam matar as monjas e destruir o Mosteiro, mas Clara orou com fervor pedindo ao Senhor que livrasse suas filhas: “se fosse necessário ela se colocaria á frente deles impedindo a invasão”. Milagrosamente os soldados fugiram apavorados sem causar-lhes nenhum dano.

Muitas foram as curas de Clara. O Crucifixo amado retribui o amor de Clara: ela, que se inflamava de tanto amor pelo mistério da Cruz, foi iluminada pela sua potência com sinais e milagres. Quando benzia os doentes com o sinal da Cruz realmente expulsava as suas enfermidades.
 
Frei Tomas de Celano relata várias curas de Clara dentre elas, um fato em que uma mulher da diocese de Pisa foi ao monastério para agradecer a Deus e a Santa Clara por ter sido liberada, por mérito desta, de cinco demônios.

Enquanto estavam sendo expulsos, os demônios confessavam que as orações de Santa Clara queimavam-nos e desalojavam-nos do seu processo. O Papa Gregório tinha muita confiança na oração de Santa Clara, pois por experiência conhecia a sua eficácia.
No verão de 1253 sua doença agravou-se, Clara recebe a visita do Papa Inocêncio lV e pede para beijar suas mãos e também os seus pés. Clara lembra-se de seu pai espiritual Francisco com doçura e gratidão, que já havia partido para a eternidade.

Á sua volta permaneciam as monjas e os companheiros de Francisco: Frei Leão e Frei Ângelo que consolavam as freiras. Inês, sua irmã de sangue, que desde o início da Ordem havia se unido à Clara no seguimento do Cristo, porém, após a sua conversão, a pedido de Francisco Inês é transferida para o Convento de Monticelli em Firenze e ficou sem ver Clara por 30 anos.

Clara ao vê-la aflita disse: “Minha irmã, agrada ao Senhor que eu me vá, mas pare de chorar, pois me seguirás logo e Ele te concederá uma grande consolação antes que eu me afaste de ti”.

E isto aconteceu: “Inês morreu alguns dias após a morte de Clara”. Passados 41 anos de vida monástica, depois de ter sofrido com a enfermidade por 21 anos, Clara deixou a Terra aos 60 anos de idade no dia 11 de agosto de 1253. Após a sua morte Frei Tomas de Celano relata em seu livro algumas de muitas curas de Clara. Clara foi canonizada em 1255 pelo Papa Inocêncio lV.


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