Como médium e espiritualista, vovó estava certa de que o
inferno e suas possessões diabólicas eram criações do homem e não tinham nada a
ver com Deus, e que satã era tão real quanto o bicho-papão.
O problema é que todo o processo da confissão me parecia
ilógico. Se precisasse de algum intermediário entre mim e Deus, eu não devia
mais me preocupar em rezar. (…) E se Deus ama a todos nós da mesma maneira, por
que Ele daria mais atenção a esse padre pedindo perdão por mim do que se eu
pedisse diretamente?
Talvez o mais confuso dos tópicos para mim fosse a vida após
a morte. Conforme me explicaram, a cada um de nós é dada uma existência na
Terra, após a qual ou somos banidos para a eternidade do inferno devido a
qualquer infração – de assassinato ao uso de anticoncepcionais – ou somos
aceitos no céu, onde passaremos a eternidade contemplando a Visão Beatífica, o
que parece ótimo, mas não muito produtivo.
Levei sempre as minhas dúvidas a Francine e a vovó Ada. Nas
inúmeras conversas que tivemos, elas me ensinaram a nunca desrespeitar o
catolicismo ou qualquer outra religião, pois, no final, concordando ou não com
cada um de seus detalhes, em essência todas elas ensinam a mesma lição: ame a
Deus, faça bem ao próximo e retorne ao Lar.
O Outro Lado não é um paraíso distante além das nuvens. Ele
existe realmente, logo aqui entre nós, a apenas noventa centímetros acima do
chão, porém em outra dimensão cuja vibração é muito mais alta do que a nossa.
Nosso verdadeiro Lar é o Outro Lado, e não a Terra. É de lá
que todos viemos, e nossa viagem para lá é a volta a um lugar conhecido, onde
nos lembramos completamente do motivo pelo qual nos ausentamos e o que
esperávamos cumprir com essa ausência.
Já fizemos a viagem de ida e volta muitas vezes e a faremos
muitas outras, por isso sabemos exatamente como sair daqui e chegar lá.
Sentimos tanta saudade do Outro Lado, que cada um de nós faz
viagens astrais para lá durante o sono pelo menos duas ou três vezes por
semana, embora não nos lembramos delas no nível consciente.
O Outro lado não é um lugar místico “em algum ponto lá em
cima”. Ele está logo aqui entre nós, a meros noventa centímetros do chão.
No Outro Lado, onde o tempo não existe, onde tudo o que tem
vida sempre esteve e estará, nada envelhece, nada apodrece, nada se corrói.
Cada milímetro quadrado de terra, cada gota de água, tudo é magnificamente,
eternamente novo.
Será possível acreditar que Deus está esperando ansiosamente
para ouvir de um daqueles comitês a sua decisão sobre o que é ou não um
milagre, ou quem é santo e quem perdeu a vez?
(…) Existem cerca de seis bilhões de indivíduos na Terra. (…) deve haver nesse
mundo pessoas extraordinárias, generosas e dedicadas que realizam milagres
todos os dias em silêncio, excedendo todas as qualificações necessárias à santidade,
sem fazer alarde, sem a atenção da mídia, pessoas sobre as quais o comitê
jamais ouviu falar. Garanto que você conhece algumas. Posso garantir que no
Outro Lado elas são tão reconhecidas, respeitadas e valorizadas quanto aquelas
que possuem um certificado provando que foram “oficialmente” beatificadas.
Sugerir que qualquer nível, inclusive a santidade, tenha
mais valor aos olhos de Deus é o mesmo que sugerir que Deus ama mais os
universitários do que as crianças do jardim-de-infância.
Tudo o que estava acontecendo havia sido escrito por mim em
meu planejamento antes de eu iniciar esta existência.
Podemos considerar as coincidências apenas como situações
pitorescas, mas elas são algo muito mais interessante: uma memória consciente,
uma antevisão de um momento do mapa que elaboramos, mais provas do Lar e do
fato de que, naquele instante, nossa vida estava em perfeita harmonia com os
planos que fizemos.
Sylvia Browne com Lindsay Harrison
Fonte: Site refletirpararefletir.com.br