“As almas se reúnem, obedecendo às tendências que lhes são características e à circunstância de que cada espírito tem as companhias que prefere. ”André Luiz”(1)
Onde houver uma reunião de pessoas, existirá também uma assembléia de espíritos desencarnados, tendo como fator de atração seus pensamentos e atos.
O lar sendo uma reunião permanente de almas, não pode fugir a esta lei de sintonia mental.
A influência espiritual no lar é tão intensa e profunda, que os instrutores espirituais dizem que nele a mediunidade se apresenta de forma mais espontânea e pura.
Os fenômenos mediúnicos ocorrem com facilidade admirável, no dia-a-dia dos acontecimentos na família.
Os espíritos elevados se dirigem às residências dos homens para inspirar, socorrer, amparar, encorajar e instruir, enquanto que os espíritos imperfeitos chegam sempre com o intuito de perseguir, obsidiar, vampirizar, complicar e desorientar.
Quanto ao poder de influência dos espíritos nos pensamentos dos encarnados, a questão nº. 459 de “O Livro dos Espíritos” esclarece: “Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito freqûentemente são eles que vos dirigem.”Vivemos em contínua comunhão mental com todos os espíritos que se afinizam com o nosso modo de ser. Desse modo, em todas as atividades no recinto doméstico os familiares se colocam automaticamente em sintonia psíquica com entidades de sua faixa de simpatia, vivendo em função dessas vibrações.
A ausência de princípios evangélicos na convivência familiar faz abrir as portas espirituais para a atuação desequilibrante e enfermiça de entidades de baixo padrão vibratório: “Os quadros de viciação mental, ignorância e sofrimentos nos lares sem equilíbrio religioso são muito grandes.”(2) A casa que não cultiva a prece sincera e os bons pensamentos, mantendo vibrações inferiores, será fatalmente assaltada por grupos de entidades ignorantes, levianas, viciadas e perversas, de conformidade com a sintonia mental dos moradores. O autor espiritual André Luiz, demonstrando certo espanto, descreve um fato ocorrido em uma residência no momento em que os familiares faziam suas refeições: “Entretanto, um fato, até então inédito para mim, feriu-me a observação: seis entidades envolvidas em círculos escuros acompanhavam-nos ao repasto, como se estivessem tomando alimento por absorção.”(3) Seis espíritos de condição inferior, justapunham-se aos encarnados à mesa, absorvendo os fluidos que se desprendiam dos alimentos. Será que os espíritos realmente se alimentam com os fluidos emanados dos alimentos postos à mesa? Sim, pois, assimilando as energias desintegradas, conseguem obter a mesma sensação, como se estivessem fazendo uma refeição no corpo físico: “Os nossos irmãos viciados nas sensações fisiológicas encontram nos elementos desintegrados o mesmo sabor que experimentavam quando em uso do envoltório carnal.”(4)
Por que determinados espíritos permanecem no lar? Entidades infelizes, sem méritos para se transferirem para as cidades espirituais organizadas e sem maiores culpas para se prenderem aos antros de sofrimentos do Umbral e das Trevas, fixam residência nas moradias onde são atraídos pelos familiares encarnados, vivendo em profunda simbiose psíquica. “Os que desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantêm ligados à casa, às situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico.(5) Estes espíritos em sua maioria não são maus e, sim, ignorantes, resultado natural daquelas criaturas que deixaram a Vida Física, sem nenhum preparo moral e espiritual, indiferentes ao próprio aperfeiçoamento íntimo.
Na ânsia de somente gozarem os bens passageiros da vida material, deixaram o envoltório da carne na condição de escravos de suas próprias fraquezas. Seguem a rotina dos encarnados invigilantes, como se estivessem ainda na vida corpórea, cegos para as realidades sublimes e eternas da Espiritualidade. “Estamos vendo familiares diversos que os próprios encarnados retêm com as suas pesadas vibrações de apego doentio.”(6)
A morte não opera milagres de iluminação para nenhum espírito. Tudo segue a lei universal de seqüência e de mérito, alicerçado na conquista legítima pela boa vontade, esforço, disciplina e perseverança no Bem. Ninguém fugirá da Lei que determina o mérito ou o sofrimento, o prêmio ou o castigo, de acordo com as nossas próprias criações nas lutas e trabalhos da vida humana.
BIBLIOGRAFIA
1 a 6 – Missionários da Luz / André Luiz / F.C. Xavier / FEB – Capítulo 11: Intercessão.
Fonte
“A Flama Espírita” n.º 2.598.
Matéria extraída da revista Informação ANO XVI 182 Janeiro de 1992, escrita por Walter Barcelos.