O Espírito não é uma abstração, mas um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado é a alma do corpo; quando o deixa pela morte, não sai desprovido de qualquer envoltório. Conservam a forma humana e, com efeito, quando nos aparecem, é sob essa forma que os reconhecemos.

A existência do homem é composta de 3 componentes:

1º)  Alma ou Espírito, princípio inteligente em que se encontra o  senso moral;

2º)  Corpo, invólucro material e grosseiro de que é revestido temporariamente para o cumprimento de alguns desígnios providenciais;

3º)  Perispírito, invólucro fluídico, semimaterial, que serve de liame entre a alma e o corpo.

A morte é a destruição, ou melhor, a desagregação do envoltório grosseiro que a alma abandona. O outro envoltório ( o perispírito) desprende-se e vai com a alma.

Embora fluídico, etéreo, vaporoso, invisível, para nós, em seu estado normal, é também material.

Este segundo envoltório da alma ou perispírito existe, portanto, na própria vida corpórea. É o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe, e através do qual o Espírito transmite sua vontade ao exterior, agindo sobre os órgãos do corpo.

O Espírito é o princípio intelectual e moral e está sempre revestido de um invólucro ou perispírito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se purifica e se eleva na hierarquia espiritual.

O perispírito, portanto, faz parte integrante do espírito, como o corpo faz parte integrante do homem. Mas o perispírito sozinho não é o homem, pois o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem:  o agente ou instrumento de sua atividade.

A forma do perispírito é a forma humana, e quando ele nos aparece é geralmente a mesma sob a qual  conhecemos o espírito na vida física.

Mas a matéria sutil do perispírito não tem a persistência e a rigidez da matéria compacta do corpo. Ela é flexível e expansível. Por isso, a forma que ela toma, mesmo que decalcada do corpo, não é absoluta. Ela se molda à vontade do espírito, que pode lhe dar a aparência que quiser.

É graças a essa propriedade do seu invólucro fluídico que o espírito pode fazer-se reconhecer, quando necessário, tomando exatamente a aparência que tinha na vida física, e até mesmo com os defeitos que possam servir de sinais para o reconhecimento.

Como já dito, embora fluídico, o perispírito se constitui de uma espécie de matéria, e isto resulta dos casos de aparições tangíveis, sob a influência de certos médiuns. Sua tangibilidade, sua temperatura, a impressão sensorial que produzem, provam que são materialmente constituídas. Sua desaparição instantânea prova, entretanto, que essa matéria é extremamente sutil.

Concluindo, o espírito é o ser pensante. Ele se revela a nós pelos seus atos, e esses atos só podem tocar os nossos sentidos por um intermediário material. O Espírito precisa, pois, de matéria, para agir sobre a matéria. Seu instrumento direto é o perispírito, como o do homem é o corpo.


Referência: 

O Livro dos Médiuns – Segunda Parte - Cap. I.


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