As qualidades morais, boas ou más são do Espírito encarnado. O homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, e o homem viciado, é a encarnação de um Espírito imperfeito.
Por outro lado, existem homens muito inteligentes mas, algumas vezes, profundamente viciados. É que o Espírito encarnado não é tão puro, e o homem cede à influência de outros Espíritos piores.
O Espírito progride através de uma insensível caminhada ascendente, mas o progresso não se realiza, simultaneamente, em todos os sentidos; em uma etapa ele pode avançar em ciência, em outra, em moralidade.
A matéria não é senão um envoltório do Espírito. Unindo-se ao corpo, o Espírito conserva os atributos de sua natureza espiritual. O exercício das suas faculdades depende dos órgãos que lhes servem de instrumento. O Espírito tem sempre as faculdades que lhes são próprias. Não são os órgãos que dão as faculdades, mas as faculdades que conduzem ao desenvolvimento dos órgãos.
Em relação às pessoas com deficiências, sejam mentais ou motoras, não são os Espíritos que as encarnam que têm uma natureza inferior. Muitas vezes são mais inteligentes do que pensamos. Mas sofrem a insuficiência dos meios de que dispõe para se comunicar. São Espíritos em punição, pois sofrem pelo constrangimento que experimentam e pela impossibilidade em que se encontram de se manifestarem por meio dos órgãos não desenvolvidos ou desarranjados. É sempre uma expiação imposta ao abuso que fizeram de certas faculdades; é um tempo de prisão.
A superioridade moral não está sempre em razão da superioridade intelectual, e os maiores gênios podem ter muito a expiar; daí resulta, frequentemente, para eles uma existência inferior à que tiveram.
O Espírito, no estado de liberdade, recebe diretamente suas impressões e exerce diretamente sua ação sobre a matéria; encarnado, porém, encontra-se em condições muito diferentes e na contingência de só o fazer com a ajuda de órgãos especiais. Estando uma parte ou o conjunto desses órgãos alteradas, sua ação ou suas impressões, naquilo que concerne a esses órgãos, ficam interrompidas.
É sempre o corpo e não o Espírito que está desorganizado. Mas não podemos perder de vista que, do mesmo modo que o Espírito atua sobre a matéria, esta reage sobre ele em uma certa medida, e que o Espírito pode-se encontrar momentaneamente impressionado pela alteração dos órgãos pelos quais se manifesta e recebe suas impressões.
Após o desencarne, o Espírito pode sentir por algum tempo, o desarranjo de suas faculdades, até que esteja completamente desligado da matéria.
REFERÊNCIAS:
O Livro dos Espíritos - Livro II - Cap. VII.