Ânimo, trabalhadores! Tomai dos vossos arados e das vossas charruas; lavrai os vossos corações; arrancai deles a cizânia; semeai a boa semente que o Senhor vos confia e o orvalho do amor lhe fará produzir frutos de caridade.” — Cap. XVIII, 15.
Estamos sempre em busca do encontro com a tão desejada e difundida “zona de conforto”, que nos parece tentadora e sedutora conquista que precisamos alcançar, e representa a facilidade e comodidade de continuar a vida sem grandes esforços e trabalhos para empreender mudanças em nossas vidas.
Na grande maioria das vezes, significa a manutenção das nossas tendências em realizar o que nos parece mais fácil e cômodo, sem que nos saliente qualquer compromisso em interromper os velhos, inadequados, improdutivos hábitos aos quais já nos afeiçoamos há milênios, arquivados no psiquismo do homem velho que nos governa ainda nos dias da atualidade.
A zona de conforto em que nos deliciamos, não passa de falsa comodidade, um falso bem-estar porque na verdade, impede-nos de começar qualquer movimento de mudança, algo novo ou desafiador, que exija disciplina, dedicação, e comprometimento além do necessário trabalho que nos exigirá a imediata saída da ilusória “paz da inércia”.
O conforto como entendemos inicialmente, é a fuga da dor, do sacrifício, das dificuldades, é um equivocado sentimento prazeroso de harmonia íntima, é a fictícia sensação de tranquilidade e segurança, como se estivéssemos realmente imunes aos dissabores da vida comum de qualquer ser humano, na estrada do progresso individual que nos compete alcançar.
Os principais motivos, que nos prendem na nossa zona de conforto são: Ignorância, Orgulho, Preguiça, Medo etc., que nos impõem os efeitos mais danosos para o nosso Ser imortal a caminho da felicidade e da pureza espiritual que é o nosso verdadeiro destino, isto porque desperdiçamos os Talentos com que a Soberania Sabedoria do Universo nos enriqueceu a vida.
O conforto mal compreendido causará sérios prejuízos à saúde física, algemando-nos ao sedentarismo, provocando maléficos efeitos na saúde do indivíduo como obesidade, dependência química, prejuízo intelectual por falta de exercício mental, com a consequente dificuldade no raciocínio, perda de agilidade etc.
O Homem está submetido às Leis Divinas, perfeitas e imutáveis, e a Lei do Trabalho é uma delas, que institivamente nos estimula à busca do desenvolvimento, aprimoramento e iluminação, que nos fará compreender a necessidade de mudança de comportamento para crescer e evoluir a caminho da felicidade e da paz de Espírito que tanto almejamos desfrutar.
O Benfeitor Emmanuel apresenta algumas sugestões para não ficarmos na nossa tal zona de conforto e nos fazermos úteis a nós mesmos e ao nosso semelhante, conforme segue.
“Reflete nas provações alheias e auxilia incessantemente.
Louvado para sempre o trabalho honesto com que te dispões a minorar as dificuldades dos semelhantes, ensinando-lhes a encontrar a felicidade, através do esforço digno.
Bendita a moeda que deixas escorregar nas mãos fatigadas que se constrangem a implorar o socorro publico.
Inesquecível a operação da beneficência, com a qual te desfazes de recursos diversos para que não haja penúria na vizinhança.
Abençoado o dia de serviço gratuito que prestas no amparo aos companheiros menos felizes.
Enaltecido o devotamento que empregas na instrução aos viajores do mundo, que ainda se debatem nos labirintos da ignorância.
Glorificado o conselho fraterno com que te decides a mostrar o melhor caminho.
Santo o remédio com que alivias a dor.
Inolvidáveis todos os investimentos que realizes no Instituto Universal da Providência Divina, quando entregas a beneficio dos outros o concurso financeiro, a página educativa, a peça de roupa, o litro de leite, o cobertor aconchegante, o momento de consolo, o gesto de solidariedade, o prato de pão…
Não se pode esquecer que Jesus consignou por crédito sublime da alma, no Reino de Deus, o simples copo de água que se dê no mundo em seu nome.
Entretanto, mil vezes bem-aventurada seja cada hora de tua paciência diante daqueles que não te compreendam ou te esqueçam, te firam ou te achincalhem, porque a paciência, invariavelmente feita de bondade e silêncio, abnegação e esquecimento do mal, é donativo essencialmente da alma, benção da fonte divina do amor, que jorra das nascentes do sacrifício, seja formada no suor da humildade ou no pranto oculto do coração.” (1)
Não devemos esquecer em nenhuma situação a importância do trabalho, altruísta em nossos relacionemos, particularmente nas situações de dificuldades e sofrimentos que atingem o semelhante, porque já sabemos que “O poço de águas trancadas foge de aliviar a sede das criaturas, convertendo-se para logo em piscina de vermes.”
Francisco Rebouças