Deus nos impõe a encarnação com o objetivo de fazer-nos chegar à perfeição. Para alguns é uma expiação, para outros é uma missão.

Todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes e é nas lutas e tribulações da vida corporal que nos instruímos. 

Os Espíritos que seguem o caminho do bem chegam mais depressa ao objetivo da perfeição. Aliás, as dificuldades da vida, frequentemente, são consequência da imperfeição do Espírito; quanto menos tenha de imperfeições, menos tem de tormentos. Quem não é invejoso, nem ciumento, nem avarento, nem ambicioso, não terá os tormentos que nascem desses defeitos.

Chama-se de Alma o Espírito quando encarnado, ou seja, quando está revestido temporariamente pelo envoltório carnal. A Alma tem dois envoltórios: um sutil e leve, que é o Perispírito e outro grosseiro, material que é o corpo. 

Antes do nascimento, não há ainda união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que depois que essa união está estabelecida, a morte do corpo rompe os laços que unem à alma, e esta o deixa, levando somente o Perispírito.

A Alma não tem uma sede determinada e circunscrita no corpo. Ela está mais particularmente na cabeça dos grandes gênios em todos aqueles que pensam muito, e no coração, naqueles que sentem muito e dirigem suas ações a toda a Humanidade. Pode-se dizer que a sede da alma está nos órgãos que servem às manifestações intelectuais e morais.

MATERIALISMO

Algumas pessoas são levadas ao materialismo. São os que creem somente no que veem. Afirmam que tudo sabem e não admitem que alguma coisa possa ultrapassar os seus conhecimentos. Sua própria Ciência os torna presunçosos; pensam que a natureza não pode ocultar-lhes nada. 

O nada, aliás, os amedronta mais do que demonstram. No mais das vezes, são materialistas por não terem nada com que encher o vazio do abismo que se abre diante deles. 

São pessoas que não vêem nos seres orgânicos senão a ação da matéria a que atribuem todos os nossos atos. Não vêem no corpo humano senão a máquina elétrica; não estudaram o mecanismo da vida senão pelo funcionamento dos órgãos que viram se apagar pela ruptura de um fio, e não viram nada mais que esse fio. Concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria e, assim, depois da morte o pensamento se aniquilava. Triste consequência se assim fora, porque o bem e o mal não teriam finalidade. O homem teria razão em pensar só em si mesmo e em colocar, acima de tudo, a satisfação dos seus prazeres materiais. Os laços sociais se quebrariam e as mais santas afeições se romperiam para sempre.

Apesar deste pensamento materialista de algumas pessoas, o homem tem, instintivamente, a convicção de que tudo, para ele, não se acaba com a vida. A religião nos ensina que não pode ser assim e a razão nos confirma, mas, esta existência futura, vaga e indefinida não tem nada que satisfaça o nosso amor pelo positivo, sendo para muitos a origem da dúvida. 

A missão do Espiritismo é precisamente de nos esclarecer sobre esse futuro, de nos fazer, até certo ponto, atingi-lo com o dedo e com o olhar, não mais pela razão, mas pelos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não é mais uma presunção, uma probabilidade sobre a qual cada um entende à sua vontade. É a realidade que nos apresenta, pois que são os próprios seres do outro mundo que vêm nos descrever sua situação, dizer-nos o que foram, como é a sua nova vida, mostrando-nos o destino inevitável que nos está reservado, segundo os nossos méritos e os nossos deméritos. 

O Espiritismo é, pois, o mais poderoso auxiliar da religião. É por ele que Deus nos permite reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos reconduzir ao caminho do bem, pela perspectiva do futuro.


Referências:

O Livro dos Espíritos – Livro II - Cap. 2.



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Eduardo de Souza e Silva Giannelli - 09/03/2022 06h32
Texto maravilhoso! Gratidão!!!