Partindo da recomendação que os mentores de luz nos orientaram, “fora da caridade não há salvação”, quero propor uma reflexão sobre o tema.
Colaborar com a vida do outro, para que esta pessoa tenha momentos mais leves e seja possível atravessar pelas agruras do caminho, é uma atividade nobre. Quem a pratica se disponibiliza para poder mover energia e recursos pessoais para com o outro. Sair do lugar para poder ajudar pessoas que passam por experiências difíceis, cujo processo de superação é difícil, é uma atitude que demanda tempo e dedicação.
Podemos realizar a atividade de amparo e acolhimento ao próximo de várias maneiras. Quero focar na atitude de quem a realiza destacando três características que podem ser envolvidas nessas ações. A espontaneidade, a obrigação e a troca. São detalhes que poderemos nos ater nessas práticas.
Existem pessoas que com um modelo mental ainda superficial do invisível, da espiritualidade. Pessoas que temem o que não conhecem, pois a falta de um estudo pormenorizado poderia ajudar muito na compreensão desse assunto. Nestes casos a barganha faz parte desta relação, como se a atitude ritualística de participar de atos caritativos, fossem suficientes para garantir um bom status perante um alguém, ou uma força invisível, que os julgaria, aí que entra a troca: "ajudo os outros e aí serei ajudado", puro medo, puro interesse, pouco existe de real ajuda ao próximo.
Um segundo grupo de pessoas é formado pela crença de que "devem fazer", pois se sentem compelidos a realizar uma atitude de caridade por ter sido recomendado, mas a leitura dessa recomendação soa como uma certa imposição, sentem-se advertidos, acreditam que se não fizerem alguma coisa nesse sentido serão castigados de alguma forma, estarão em erro. Frases como: “seremos culpados de não fazermos o bem”, está nessa linha de pensamento, são pessoas que atuam por se sentirem obrigadas. Da mesma forma, não há um foco no outro, mas em seus medos e numa tentativa de se defenderem do desconhecido.
O terceiro grupo, formado por pessoas que já possuem um nível de compreensão do que significa a atividade benemérita de colaborar com os momentos difíceis de outros semelhantes, partem para a ação, conscientes de que estão numa atividade para poder amenizar algumas, dores; sabem que não resolverão os problemas da vida desta pessoa que se colocou nesta situação e de lá deverá usar de seus recursos pessoais para poder se deslocar deste estado de dificuldade e ignorância. Neste último caso encontramos um grande número de pessoas mais conscientes de suas práticas.
Vamos elevar nosso nível de compreensão. As atividades beneméritas não são somente praticadas nos serviços de auxílio e de amparo aos mais carentes, mas também aos mais próximos de nós, em nosso cotidiano. Se começarmos pelos de fora de nossa convivência, poderemos ter grandes chances de trabalhar melhor com os de dentro. São as pessoas de nossa família, que merecem entendimento, paciência, compreensão e uma dose extra de compaixão. Principiando pela mudança interior, cada um deve trabalhar em si as mudanças necessárias para que o bem seja instalado, onde quer que você se encontre, não somente nos momentos de caridade institucional. Fazer o bem não é uma tarefa fácil, principalmente para nós que não conseguimos perceber muita coisa sobre nós mesmos. Ainda temos nossas limitações, diferenças com pessoas, não lidamos bem com algumas situações, somos possessivos, ciumentos, soberbos, orgulhosos, apegados, e concentrados, ainda. Quem nunca passou por momentos reativos na vida? Quem não passou por momentos de se sentir fragilizado, perante alguma situação? Esses elementos internos nos orientam os passos e as atitudes. Estes estados se apresentam em nossos desafios cotidianos e deveríamos olhar para nós mesmos quando tivermos a intenção de praticarmos o bem.
O "fora da caridade não há salvação'' começa em nós. Independente de que forma, façamos o bem.
Ricardo Seixas
@ricardosxs.mentoria