Todos ficamos tristes, sofremos e mesmo muitas vezes nos revoltamos quando perdemos um ente querido.
Passamos a pensar em injustiça nessa situação.
Antes, com uma visão materialista da vida, esses sentimentos de tristeza, dor e revolta tinham total razão. Com a visão religiosa clássica tradicional poderíamos dizer que ameniza o sofrimento, mas não responde com segurança e não consola de forma real e profunda. Fica sempre um vazio que as palavras não preenchem e não confortam.
Com o advento do Espiritismo, a abertura da cortina do palco das múltiplas vidas, mostrando que hoje é o resultado do passado e o futuro é a semeadura de hoje, começa-se a mudar essa visão da perda. Não que o sofrimento acabe ou que a saudade estanque, mas uma esperança nasce no fundo do nosso ser, pois nada está realmente perdido.
Passamos a ver que vivemos uma fração do tempo milenar de nossas existências. Que somos seres imortais em constante mudança e evolução. Assim a morte passa a ser apenas uma passagem de diferentes planos. Saímos de um mundo tridimensional para um plano multidimensional que foge ao senso comum, necessitando uma análise e um sentimento mais profundo e criterioso para entender e viver essa nova realidade.
Todos os nossos entes queridos não se foram. Continuam vivos, numa outra realidade existencial diferente da que vivemos, e também podemos agora, mais facilmente, senti-los próximos a nós, pois esse sentimento não é apenas fruto da saudade, mas uma realidade incontestável.
As perdas, mesmo sendo realmente temporárias, vamos ter a saudade continuando a apertar nosso peito e nos levando a uma emoção sempre, mas sabemos agora que essas pessoas estão próximas e continuam tendo o mesmo amor por nós.
As nossas relações interpessoais ultrapassam os valores da carne; se transportam para horizontes maiores e mais profundos.
Através do entendimento da Doutrina Espírita, vamos entendendo mais e melhor todas essas relações e suas implicações. O amor ao próximo deixa de pertencer restritamente a família e amigos e se transporta a todos os seres do planeta. A caridade deixa de ser um ato mecânico de dar valores materiais para se transformar em valores mais pessoais e de ações diretas que envolvem sentimentos e doações íntimas.
Assim podemos ver que as palavras de Jesus continuam sendo atuais. Continua valendo cada palavra e frase proferida pelo Mestre Maior, não mais como textos religiosos, mas como procedimentos práticos de bem viver.
Viver Jesus para aprender a se machucar menos, como diz meu irmão de coração Jonas. .
Joanna De Angelis, nos seus profundos estudos sobre a alma, mostra claramente toda a complexidade da psique humana e como precisamos viver um dia de cada vez, amando, construindo sempre o Reino de Deus dentro de nós.
Nada e ninguém está perdido, tudo tem sua hora e todos tem o seu momento. O Espiritismo mostra dentro dos seus postulados e ensinamentos que tudo está no seu devido lugar. Nós devemos então sempre procurar fazer o melhor a cada dia, pois o tempo urge, e não há tempo a perder.
O amor de Deus não quer e nunca vai permitir que os sentimentos nobres se percam por uma ausência momentânea da separação temporária do corpo físico.
O retorno é inevitável, portanto vamos viver de uma forma mais ética e cristã, pois do outro lado deveremos confrontar com o nosso eu mais profundo que o corpo físico não pode esconder.
Quando bater aquela saudade, vamos nos recolher e proferir uma prece para aquele ente querido, e acredite, ele receberá o seu carinho sempre, e na maioria das vezes, se for permitido pelos irmãos maiores, poderemos ter a alegria de tê-los ao nosso lado.
Wagner Ideali