Até quando?!…
Ficamos perplexos ante a triste realidade que assola mentes e corações prepotentes, dispostos ao enfrentamento belicoso, em pleno Século XXI. A sede de poder e domínio, com demonstração violenta de forças inibidoras da liberdade, parece não ter fim…
No alvorecer do tão esperado mundo de regeneração, a transição pungente, carregada de intrincadas provas, denota a percepção ilusória de que não há mais solução para o planeta que abriga os seres da criação. O ser humano permite, lamentavelmente, que as sombras o dominem e o induzam a equivocadas decisões que exigirão oportunamente dolorosas expiações.
*
Em tempos de discórdia e desalento, quando observamos o avanço tresloucado do egoísmo, somos convocados pelas falanges do bem a nos municiar com os sentimentos mais elevados de amor e de esperança. Quando observamos as aflições promovidas pelo orgulho desatinado, em busca de poder e conquista, somos conclamados a nos integrar à equipe do Mestre Jesus, testemunhando o Seu Evangelho de justiça, amor e caridade.
O jovem Paulo, confiante em sua percepção de justiça e conhecimento sobre as leis vigentes, abasteceu-se de belicosidade “de modo a consolidar posição para impor-se no futuro da raça.” Em acerbas discussões, pelo poder da eloquente argumentação, venceu doutores da Lei. Multiplicou adversários por toda parte e perseguiu aqueles que interpretava por inimigos da ordem estabelecida. “Feriu, atormentou, complicou situações de amigos respeitáveis, sentenciou pessoas respeitáveis a inquietações inomináveis, guerreou contra pecadores e santos, justos e injustos…” [1]
Porém, no momento em que Jesus lhe surge, à estrada de Damasco, Paulo reconhece a convocatória para o novo combate. O conflito passaria a ser de foro íntimo, contra as suas próprias más inclinações. O braço que outrora se erguia para empunhar a espada, agora se estendia ao serviço redentor. A oratória declamada em eloquência para proferir o julgamento, agora se prestava à divulgação da Boa-Nova.
*
O encontro renovador com o Mestre Jesus chegará inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde. Todos nós, inclusive os irmãos endurecidos, seremos convocados para o enfrentamento íntimo e perceberemos que o maior de todos os inimigos reside em nós mesmos.
Àqueles que já se reconhecem como aprendizes do Evangelho, nestes tempos desafiadores, é chegado o momento do testemunho. Que as mãos valorosas dos trabalhadores do bem se dobrem em preces de alento e esperança, confiando na amorosa Justiça de Deus. Que cada instante de desânimo, quando formos invadidos por sentimentos de aflição, possa ser convertido em oração a fortalecer os propósitos da Espiritualidade Superior a favor do bem comum.
Unamo-nos em pensamentos e vibrações em favor da fraternidade universal, única ordem mundial a nós destinada. Somente o amor nos conduzirá à conquista dos mais altos patamares de reconhecimento perante o governador planetário. Que a nossa maior ambição seja, tão somente, a de implantar o Reino de Deus no orbe terrestre, a iniciar-se com a instalação do bem na intimidade de cada um de nós.
Aí, poderemos responder, convictamente, à incômoda questão: até quando? Até breve, pois o mundo não mais suporta o desamor, e reclama caridade; não mais aceita a violência, e proclama o amor; não mais tolera o mal, e convoca ao bem.
Os tempos de paz chegaram!… E, para nossa felicidade, é indispensável apresentar, nas ações diárias, que nos encontramos preparados para empreender a inadiável travessia rumo à era nova do espírito imortal.
[1] XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2014. Cap. 178, p. 369-370.