Os pais transmitem aos filhos a vida animal somente, pois a alma é indivisível. Transmitem uma semelhança física; a consanguinidade. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito.
Mas, a nossa parentela remonta além da nossa existência atual. A sucessão das existências corporais estabelece entre os Espíritos laços que remontam às existências anteriores. A doutrina da reencarnação estende os laços de família.
A parentela, estando baseada sobre as afeições anteriores, aumenta os deveres da fraternidade. Entre os vizinhos ou entre os amigos, pode-se encontrar um Espírito que esteve ligado a nós pelos laços de consanguinidade.
As semelhanças morais que existem, algumas vezes, entre pais e filhos, se referem à Espíritos simpáticos, atraídos pelas semelhanças de suas tendências. Da mesma forma, pode ocorrer o nascimento de um Espírito mau em uma família com pais bons e virtuosos. Isso se deve ao fato de o mau Espírito pedir para encarnar com pais bons, na esperança que seus conselhos o encaminhem para um caminho melhor. Os maus filhos são uma prova para os pais.
Os pais exercem uma influência muito grande sobre os filhos. Os Espíritos dos pais tem por missão desenvolver o dos filhos pela educação. Se falharem, serão culpados.
O homem conserva , em suas novas existências, os traços do caráter moral de suas existências anteriores, mas, em se melhorando, ele muda. Sua posição social pode também não ser a mesma. Suas manifestações podem ter uma certa analogia, modificadas pelos costumes da sua nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha a mudar completamente seu caráter.
Em relação ao caráter físico, o novo corpo não tem nenhuma relação com o corpo antigo. Entretanto, o Espírito se reflete no corpo, O corpo é modelado pela capacidade do Espírito, que lhe imprime um certo caráter, principalmente sobre o rosto, e é com fundamento que se designam os olhos como o espelho da alma. Por isso, uma pessoa excessivamente feia, quando nela habita um Espírito bom, tem alguma coisa que agrada, ao passo que existem muitos rostos belos que nada fazem sentir e pelos quais pode-se ter, mesmo, repulsa.
O Espírito encarnado conserva traços das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas suas existências anteriores. Isso é chamado de Ideias Inatas.
Os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem. Libertado da matéria, o Espírito os conserva. Durante a encarnação, ele pode esquecê-los em parte, momentaneamente, mas a intuição que deles guarda ajuda o seu adiantamento.
A origem das faculdades extraordinárias de certos indivíduos se deve à lembrança do passado, ou seja, progresso anterior da alma, mas do qual não tem consciência.
Pode ocorrer a perda de certas faculdades intelectuais, se fez mau uso dessa inteligência. Também, uma faculdade pode permanecer adormecida durante uma existência, porque o Espírito veio para exercitar uma outra, ficando esta em estado latente para ressurgir mais tarde.
É uma ideia inata o sentimento instintivo da existência de Deus e o pressentimento da vida futura. O Espírito encarnado, conservando a intuição de seu estado como Espírito, tem consciência instintiva do mundo invisível.
Referências:
O Livro dos Espíritos - Livro II - Cap. IV - Allan Kardec