A luz nem sempre é vista tal como é.
Os conselhos amorosos do Mestre também não.
Na vida, muitos de nós fomos doutrinados para extremar nossos esforços, seja na busca da excelência, no desejo de vitória, na competitividade muitas vezes exagerada.
E isto, muito frequentemente, elabora o nosso jeito de ser e nos aguça a vaidade, o orgulho pelas nossas realizações e, por outro lado, nos causa a dor do vazio quando frustradas são as nossas iniciativas, o nosso desempenho diante das situações em que a vida, supostamente, nos exige uma atitude mais firme e uma postura vencedora.
Esta fixação na vitória, muitas vezes a qualquer preço, torna caro demais o custo de nossas conquistas, pagas com as moedas de saúde, de relacionamentos deteriorados, de filhos mal criados e mal educados, dentre outras.
No entanto, a sabedoria dos grandes mestres da humanidade sempre nos mostrou que a serenidade e o equilíbrio são os pilares fundamentais das conquistas duradouras e plenas.
Afinal, a vida não é uma corrida de 100 metros rasos. É, na verdade, uma super maratona, que exige preparação, inteligência e cadência, para não ficarmos pelo meio do caminho.
Curiosamente, Buda chamava de “caminho do meio” a direção mais adequada a que seus discípulos deveriam seguir, quando muitos avistavam o dilema entre “caminhos mais longos” e os “atalhos” da vida.
A nossa própria existência nos dá diversos exemplos de que a sobrevivência saudável de qualquer organismo, integralmente falando, somente advém do equilíbrio.
Se queremos manter a saúde, nosso organismo precisa consumir aproximadamente a mesma quantidade de calorias que gasta. Se estamos acima do peso, precisamos consumir menos do que gastamos para reestabelecer o equilíbrio. Quando prosseguimos com o desequilíbrio produzimos doenças, que tempos depois nos cobram os excessos. A matemática não perdoa e Deus não pode fazer nada se não nos ajudarmos.
Se temos uma empresa e ela apresenta resultados negativos que ocasionam perda financeira, somente conseguiremos recuperá-la se as despesas forem menores que a receita. O mesmo vale para nossa vida pessoal. Se estamos endividados, somente poupando seremos capazes de pagar o que devemos.
Assim é também com a vida espiritual. Se pretendemos aproveitar bem esta encarnação, dando um valioso passo em nossa escalada evolutiva, precisamos encontrar uma brecha na frenética agenda que os tempos modernos nos impõem para praticarmos o exercício da fé e da caridade. Equilibrando, assim, as atribulações da matéria com as do espírito imortal que somos.
Pois, somente no exercício da fé adquiriremos a humildade necessária para aprender a servir, entendendo que servir é a única maneira de nos livrarmos dos despojos de egoísmo que encrustamos em nossa alma durante milhares e milhares de anos e inúmeras existências rudimentares no mundo de provas e expiações.
E somente na prática frequente da caridade conseguiremos construir o alicerce de uma “nova vida” orientada não apenas por valores realmente dignos, mas sobretudo por um “novo modo de viver” em que aprendemos a lidar com a dor do outro, com a limitação do outro e com a “parte indesejável” do outro.
É através da caridade que praticamos a sublimação de nossos pensamentos e sentimentos. É ela, e somente ela, quem promove a verdadeira auto cura.
Experimente, meu irmão, organizar melhor teu dia, tua semana, teu mês, para reservar alguns momentos para o exercício da fé e da caridade.
Abre teus olhos para tua transformação moral mais profunda. O tempo urge. A humanidade carece de mais pessoas dedicadas para além do próprio umbigo. Pessoas que realmente compreendam e vivenciem a máxima “Fora da caridade, não há salvação”.
Começa pela tua casa, pela tua família, pelos teus amigos, pelos teus vizinhos.
A todo instante Deus coloca diante de ti uma oportunidade maravilhosa de saíres da mediocridade de tua vida egoísta e te pede, quase que em súplica, travestida de pessoas difíceis, dependentes, desequilibradas, para que gastes mais teu tempo em acudir e harmonizar a vida do teu próximo.
Faça isso agora meu irmão, hoje ainda. Não deixes para tua próxima encarnação o que podes fazer nesta.
Não deixe para abrir teus olhos quando já for tarde demais.
Deus te dará o tempo que for preciso. Inclusive novas encarnações. Mas Ele realmente espera de ti, conta contigo, para que sejas, você também, um “trabalhador da última hora”.
Fonte: umcaminho.com