Após a separação do corpo, a alma, algumas vezes, reencarna imediatamente. Porém, com muito mais frequência, reencarna depois de intervalos mais ou menos longos. Esses intervalos têm a duração de algumas horas a alguns milhares de séculos. Não há limite extremo assinalado para o estado errante, entretanto, não é perpétuo. O Espírito encontra, cedo ou tarde, a oportunidade de recomeçar uma existência que sirva à purificação das anteriores.
Alguns pedem para que o intervalo entre uma encarnação e outra seja prolongado para continuarem estudos que não podem ser feitos com proveito, senão no estado de Espírito. Estudam o seu passado e procuram os meios para se elevarem. Veem, observam o que se passa nos lugares que percorrem; ouvem as palavras dos homens mais esclarecidos e os avisos dos Espíritos mais elevados, e isso lhes dá idéias que não tinham. Podem melhorar muito, mas é na existência corporal que põe em prática as novas idéias que adquiriram.
Nos mundos superiores, a reencarnação é, quase sempre, imediata, pois a matéria corporal é menos grosseira.
Nos intervalos das encarnações, a alma se torna Espírito errante. Há Espíritos errantes de todos os graus. Com relação às qualidades íntimas, os Espíritos são de diferentes ordens ou graus, que percorrem sucessivamente, à medida que se depuram.
Quanto ao estado, podem ser: Encarnados, ou seja, unidos ao corpo; Errantes, livres do corpo material e esperando uma nova reencarnação para se melhorarem; Espíritos puros, perfeitos, e não tendo mais necessidade de encarnação.
Os Espíritos errantes podem habitar, temporariamente, os mundos transitórios, que são mundos que servem aos Espíritos errantes como estações e locais de repouso. São espécies de acampamentos, para repousar de uma muito longa erraticidade, estado sempre um pouco penoso. Esses mundos transitórios são posições intermediárias entre os outros mundos, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que podem alcançá-los.
Os Espíritos que se acham nesses mundos podem deixá-los para irem aonde devem ir.
Os mundos transitórios não são habitados, também, por seres humanos, pois sua superfície é estéril. Mas é estéril transitoriamente. A Terra já esteve no estado de mundo transitório, durante a sua formação.
Durante a longa série de séculos que se passaram antes da aparição do homem sobre a Terra, durante esses lentos períodos de transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos sobre esta massa informe, os seres que não tinham as nossas necessidades, nem as nossas situações físicas, aqui procuravam refúgio.
Nada é inútil na natureza. Cada coisa tem a sua destinação. Tudo é habitado, a vida está em toda parte.
Referências:
O Livro dos Espíritos – Livro II – Cap. VI – Allan Kardec.