Das situações que perturbam a vida humana, a obsessão espiritual certamente está entre as mais importantes, pela alta prevalência, pelos efeitos deletérios que provoca bem como pelo fato de ainda não ser suficientemente reconhecida nem compreendida. Isso impede uma correta prevenção ou, no caso de já estar instalada, que sejam tomadas as medidas terapêuticas adequadas.

De todas as formas sob as quais a obsessão se apresenta, existe uma, menos conhecida e comentada, que é a auto-obsessão.

A quem esteja familiarizado com os fenômenos mediúnicos não é difícil reconhecer a influência perturbadora de inteligências extrafísicas na vida humana, nem os múltiplos sintomas e incômodos que provoca, principalmente nos casos de obsessões ostensivas. Com respeito à auto-obsessão, torna-se mais difícil, principalmente para quem a sofre, reconhecer a origem do problema, pois o indivíduo é, ao mesmo tempo, agente e vítima do processo.

A auto-obsessão se caracteriza por mecanismos psíquicos autoinduzidos, nos quais a pessoa se aprisiona mentalmente por conteúdos mentais de caráter repetitivo e compulsivo. Sentimentos de culpa por atos reprováveis praticados nesta ou em encarnação pregressa deixam suas marcas no psiquismo, o que favorece a instalação da perturbação. O indivíduo auto-obsidiado atormenta-se a si mesmo, reprova-se incessantemente, martiriza-se, podendo chegar a distúrbios psiquiátricos graves, requerendo tratamento médico e psicológico especializado, além do imprescindível apoio espiritual, o qual promove o necessário esclarecimento e propõe medidas terapêuticas eficazes.

Do ponto de vista psicopatológico, existe um transtorno, chamado de obsessivo-compulsivo, em que a pessoa é tomada por pensamentos e temores irracionais que a levam a comportamentos compulsivos. O portador desse distúrbio é levado à repetição de ações, às vezes acompanhadas de rituais, com o objetivo de reduzir o sentimento de ansiedade, como se a sua não realização pudesse causar algum prejuízo. É uma crença ilógica e escravizadora que pode se repetir indefinidamente. Ocorrem igualmente pensamentos recorrentes, ruminantes, ideias fixas de variado conteúdo, mas invariavelmente perturbador, o que compromete a execução das atividades habituais e a qualidade de vida.

Sob uma perspectiva espiritual e evolutiva, no caso das auto-obsessões o indivíduo, após haver se desequilibrado em relação às leis divinas, não se perdoa, remoendo fatos reprovados pela consciência, desse modo punindo a si mesmo. Esse processo desarmônico gera campo favorável à sintonia com consciências desencarnadas igualmente desajustadas, o que geralmente leva a um quadro de obsessão secundária, tornando mais grave a situação.

Se as pessoas não sentissem culpa nem remorso, se não alimentassem pensamentos nem sentimentos negativos, se conservassem a consciência em paz, não seria possível a sintonia de mentes desencarnadas malfazejas com os encarnados nem haveria desequilíbrios geradores de auto-obsessão. Estamos ainda distantes de tal condição, pois a maioria da humanidade carrega débitos cármicos e desarmonias que a tornam vulnerável às influências espirituais inferiores e aos distúrbios emocionais e mentais.

No processo de cura das obsessões em geral, e da auto-obsessão em especial, torna-se fundamental a tomada de consciência por parte do paciente, seguida de um sincero programa de reabilitação, mediante ações nobres e construtivas que possam anular ou, pelo menos, amenizar as consequências dos atos infelizes do passado.

Para a libertação de qualquer auto-obsessão requer-se paciência e perseverança, dedicação ao autoconhecimento e à autotransformação, meios capazes de romper definitivamente as amarras da retaguarda evolutiva. Para que esse processo obtenha êxito, o autoperdão e a autovalorização (isto é, o reconhecimento de si mesmo como ser divino e suas consequências iluminativas), constituem elementos essenciais, ao permitirem novos rumos na jornada existencial.

Qualquer processo obsessivo estabelece-se sobre desequilíbrios psíquicos, os quais são resultantes de pensamentos, sentimentos e atos desarmônicos. Portanto, a libertação definitiva passa obrigatoriamente pela renovação mental, de valores, atitudes e conduta, diluindo as matrizes psíquicas desarmônicas, ao mesmo tempo despertando e fortalecendo as qualidades anímicas latentes. A libertação dos vícios e o cultivo das virtudes tem caráter libertador e terapêutico, pois qualquer vício é, em si mesmo, comportamento de caráter compulsivo e obsessivo, alimentando e favorecendo outras formas de desarmonia.

Dentre as práticas que podem auxiliar na recuperação do paciente, além da indispensável ajuda profissional citada, destacam-se a prece, as leituras edificantes, a meditação e quaisquer atividades saudáveis e construtivas que mobilizem a atenção e o interesse da pessoa envolvida, canalizando-lhe as energias anímicas de modo cada vez mais harmonioso.

A auto-obsessão evidencia um conflito íntimo não resolvido, o qual aguarda solução adequada, não pela autopunição que gera sofrimentos desnecessários e improdutivos, mas mediante mudança de conduta e de atitude diante de si mesmo e da vida, pela reparação de desequilíbrios passados e a consequente compensação cármica, restabelecendo a saúde psíquica e a harmonia interior.

Fonte: uniaoespiritadepiracicaba.com.br

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