Quando no estado errante, o próprio Espírito escolhe o gênero de provas que quer suportar e é nisso que consiste o seu livre-arbítrio. Escolhe as provas que podem ser para ele uma expiação, segundo a natureza de suas faltas, e o que o faça avançar mais rapidamente. Os detalhes dos acontecimentos das provas são consequências da sua posição e dos seus próprios atos. O Espírito sabe que escolhendo tal caminho terá de suportar tal gênero de luta; sabe, também, a natureza das vicissitudes que enfrentará, mas não sabe quais os acontecimentos que o aguardam. Somente são previstos os grandes acontecimentos que influem no seu destino. É necessário que ele seja colocado num meio onde possa suportar a prova que pediu. É preciso que haja analogia nas situações. Por exemplo, para lutar contra o instinto do roubo é preciso que se encontre entre pessoas dadas à prática de roubar.
Mas nada acontece sem a permissão de Deus, pois é Ele quem estabelece todas as leis que regem o Universo. Ao dar ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade de seus atos e as suas consequências, de maneira que nada entrava o seu futuro; o caminho do bem, como o do mal, lhe está aberto. Se sucumbe, resta-lhe a consolação de que nem tudo se acabou para ele; Deus, na Sua bondade, lhe dá a oportunidade de recomeçar o que foi mal feito.
O Espírito em sua origem é simples e ignorante e não tem condições de escolher suas provas. Deus supre essa inexperiência traçando-lhe o caminho que deve seguir. À medida que desenvolve o seu livre-arbítrio, fica, pouco a pouco, livre para escolher. Mas Deus pode impor uma existência a um Espírito, quando este, por sua inferioridade ou má-vontade, não está apto a compreender o que poderia ser-lhe mais salutar.
Depois de cada existência, o Espírito avalia o passo que deu e compreende o que lhe falta em pureza para alcançar a evolução. Pode ter escolhido uma prova que estivesse acima de suas forças, e então, sucumbe; ou uma prova que não lhe trouxe proveito algum. Nesse caso, uma vez de volta ao mundo dos Espíritos, ele percebe que nada ganhou e pede outra existência para reparar o tempo perdido.
O Espírito quando alcança um certo grau, sem ainda ser perfeito, não tem mais provas a suportar, porém, tem sempre deveres que o ajudam a se aperfeiçoar, e que não lhe é penoso, podendo escolher provas, como missão, para ajudar no progresso de certos povos.
Referência:
O Livro dos Espíritos – Livro II – Cap. VI – Allan Kardec.