“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito, é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas estão encerrados nesses dois mandamentos.”
(Mateus, XXII: 34 a 40)
O mandamento acima é tratado pelo nosso Doce Rabi, como o maior e primeiro de todos, e também o de todas as Leis. Inicialmente, ao analisá-lo o amigo leitor, deve estar se perguntando: quem é o meu próximo? A quem devo beneficiar?...
Nesta mesma passagem o Mestre Jesus narra A Parábola do Bom Samaritano, relatando a famosa história do Samaritano que socorre um ferido atacado por malfeitores na estrada. No capítulo 15, intitulado “Auxílio ao Senhor”, do Livro Cartas e Crônicas, Irmão X nos informa detalhes a respeito da Parábola do Bom Samaritano.
Narra que o homem ao ser abandonado semimorto pelos malfeitores, apela em prece muda para a bondade de Deus. Assim, imediatamente, o Todo-Poderoso envia emissário do plano espiritual para socorro à vítima. Relata que este tentou em vão induzir um sacerdote e logo depois um levita para auxilio ao ferido.
Destacamos que ambos, sacerdote e levita, eram conhecedores dos textos sagrados. Entretanto, mesmo sendo religiosos, não se sentiram sensibilizados a ponto de prestar a caridade à vítima. Continua Irmão X a sua narrativa, informando que em seguida um samaritano, sem nenhum título que lhe glorificasse ou honorificasse a presença, considerado herético pelos hebreus mais ortodoxos, assinalou no coração a rogativa do emissário celeste. Este então presta o devido socorro ao irmão caído, limpando-lhe as feridas e custeando-lhe as despesas em hospedaria segura.
A Caridade Incondicional
Assevera com bastante propriedade nosso Chico no programa Pinga-fogo, que o Mestre Jesus qualificou todos os personagens da Parábola, exceto um: o ferido, a vítima. Segundo Chico Xavier, este poderia ser qualquer um de nós, pois o Mestre não definiu sua cor, raça, religião, etnia, ou condição social da época, tampouco se era um malfeitor, um criminoso. Importante também frisar a proposta de Jesus, uma vez que ao indicar o sacerdote e o levita na parábola, faz uma clara referência aos que por serem praticantes de uma religião se colocam em uma posição de superioridade aos que não professam nenhuma.
Vale destacar que a prática da religião auxilia em muito a todos nós, mas nossa salvação está na caridade como bem asseverou Jesus: Benevolência, Indulgência e Perdão.
Convém relembrar o pensamento do benfeitor Emmanuel, ratificando o caráter positivo do mandamento, quando devemos desejar ao próximo aquilo que gostaríamos que nos desejassem. Entendemos nesta afirmação que não basta não desejar ou não praticar o mal, mas sim empreender todos os esforços no auxílio ao nosso semelhante, de forma incondicional, sem “olhar a quem”.
O Meu Próximo
A parábola do Bom Samaritano é de singular sabedoria, vez que universaliza o amor ao próximo. Em muitas ocasiões temos a boa vontade e o impulso em auxiliar nosso semelhante. Este impulso é o sopro divino que recebemos de benfeitores espirituais para semearmos no campo do bem. Entretanto, estabelecemos roteiro demasiadamente extenso e complexo tornando a tarefa impossível, ou criamos condições para tal, como disponibilidade maior de tempo e recursos materiais. Criamos também “contratos” com o plano divino para a prática da caridade: “Deus me dê o que eu preciso para que possa repartir com alguém”. Em alguns casos também, não nos julgamos capazes em auxiliar. Menosprezamos os dons que nos foram confiados por Deus. Cada um de nós possui algum recurso que possa ser usado em benefício alheio.
Verificamos na Parábola, que o Samaritano não hesitou em ajudar o seu semelhante, tampouco procurou identificar de quem se tratava; se era da mesma religião; se era um amigo ou parente; se compartilhavam algo em comum. Simplesmente ele optou em ajudar sem cobrar recompensas futuras ou condições.
No nosso dia a dia podemos identificar o próximo como o parente, que devemos guardar a devida paciência dentro lar, o transeunte que podemos auxiliar com uma informação; o motorista mais apressado que cedemos a passagem nas vias públicas, ou até mesmo aquele que mendiga nas ruas um prato de alimento.
Querido leitor, se observarmos melhor identificaremos vários “próximos” na nossa jornada diária, ou seja, verdadeiros instrumentos que Deus disponibiliza em nossas vidas para sublimarmos o amor que Ele nos depositou em gérmen.
Fontes Bibliográficas
- Kardec, Allan, 1804-1869. O Evangelho Segundo o Espiritismo / Allan Kardec; tradução de Guillon Ribeiro. – 25. ed. – Rio de Janeiro: FEB, 2012.
- Irmão X (Espírito). Auxílio do Senhor. Cartas e Crônicas / pelo Espírito Irmão X; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 13. ed.– Rio de Janeiro: FEB, 2009.
- Gomes, Saulo (org.). Pinga-fogo com Chico Xavier – 1. ed. – Catanduva SP: Intervidas, 2010.
Fonte: www.correioespirita.org.br