Os Espíritos têm uns sobre os outros autoridade relacionada com a sua superioridade, que exercem por uma ascendência moral irresistível.
Os Espíritos pertencem a diferentes ordens segundo seus méritos. O maior da Terra pode estar na última categoria entre os Espíritos, ao passo que o seu servidor estará na primeira. Como disse Jesus, os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Aquele que foi grande na Terra e se encontra inferiorizado entre os Espíritos, experimentam uma humilhação muito grande, principalmente se foram invejosos e orgulhosos, pois os títulos terrestres não são nada; a superioridade real é tudo.
Na vida espírita, os Espíritos das diferentes ordens se vêem, mas se distinguem uns dos outros. Eles se evitam ou se aproximam segundo a analogia ou a antipatia de seus sentimentos, como ocorre entre nós encarnados. Os Espíritos da mesma categoria reúnem-se por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e pelo objetivo que se propuseram: os bons pelo desejo de fazer o bem, os maus pelo desejo de fazer o mal e pela necessidade de se encontrarem entre os que se lhe assemelham.
Os bons Espíritos vão a toda a parte e exercem sua influência sobre os maus. Mas as regiões habitadas pelos bons estão interditadas aos imperfeitos, a fim de que estes não as perturbem com suas más paixões. Os bons empenham-se no combate das más inclinações dos outros, a fim de ajudá-los a subir, e isso é para eles uma missão.
Os Espíritos se comunicam entre si pelo fluido universal, que estabelece entre eles uma comunicação constante; é o veículo da transmissão do pensamento que permite aos Espíritos corresponderem-se de um mundo ao outro. Para eles tudo está descoberto. Podem se distanciar, mas se veem sempre, sobretudo aos que são perfeitos.
Constatam sua individualidade pelo perispírito, que faz os seres distintos uns dos outros, como o corpo entre os homens. Se reconhecem por terem coabitado a Terra. O filho reconhece o pai, o amigo, etc.
A alma, deixando seus despojos mortais, vê seus parentes e amigos nem sempre imediatamente, pois ela precisa de algum tempo para se reconhecer e sacudir o véu material. A alma do justo é acolhida como um irmão bem-amado esperado há longo tempo; a do perverso como um ser que se enganou.
Nossos parentes e amigos vem ao nosso encontro quando deixamos a Terra, felicitam-nos como ao retorno de uma viagem e nos ajudam a nos livrarmos dos laços corporais. É um privilégio para os bons Espíritos quando aqueles que estimam vem ao seu encontro, ao passo que aquele que está manchado fica no isolamento, ou rodeado pelos que lhes são semelhantes e isto é uma punição.
Os parentes e amigos se reúnem depois da morte dependendo da elevação e do caminho que os Espíritos seguem para seu progresso. Se um deles está mais avançado e caminha mais depressa que outro, não poderão ficar juntos; poderão se ver algumas vezes, mas não estarão reunidos para sempre, senão quando puderem marchar lado a lado ou quando tiverem alcançado a igualdade na perfeição.
Referência:
O Livro dos Espíritos – Livro II – Cap. VI – Allan Kardec.