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27/06/2022 20H44
Do Evangelho de João: “Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já Eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde Eu estiver, também vós aí estejais”. (João, 14: 1-3)
O Universo é a casa do Pai e os infinitos mundos do Espaço são as muitas moradas onde habitam os Espíritos para os seus adiantamentos.
Somos também um mundo interior, microcosmo individual ou universo a parte, local de transformação, renovação, fé e progresso espiritual na batalha íntima do bem contra o mal, com um ritmo evolutivo próprio condizente com o nosso grau de consciência e amor.
Os Espíritos encontram-se em infinitos meios, aspectos, sensações e percepções, conforme seus estágios evolutivos. Uns estão ligados às esferas onde viveram enquanto outros elevam-se e percorrem o Espaço.
As condições dos mundos são diferentes quanto ao grau de adiantamento dos seus habitantes. Nos mundos inferiores, a existência é toda material e as paixões soberanas. Nos mundos mais adiantados, a vida é toda espiritual. Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro.
A qualificação de mundos não é absoluta. Tem-se uma ideia de mundos inferiores ou superiores comparando-se com a Terra, ou seja, os que estão acima ou abaixo.
Embora não haja classificação absoluta dos mundos, pode-se dividi-los em: “mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiação e provas, onde domina o mal; mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem”. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, mas em transição para mundo regenerado.
Os Espíritos não estão presos indefinidamente a determinado mundo e tampouco nele cumprem todas as fases do progresso para atingir a perfeição. “Quando, em um mundo eles alcançam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim por diante, até que cheguem ao estado de puros Espíritos”.
Nos mundos mais atrasados, seus habitantes são rudimentares, sem beleza, movidos pelos instintos, carentes dos sentimentos de delicadeza e benevolência e das noções do justo e injusto. A sobrevivência e a força bruta são imperativos para a vida.
Nos mundos venturosos, as relações são amistosas entre os povos e somente a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as suas condições. Todos os sentimentos acham-se engrandecidos e purificados pelos laços de amor e fraternidade. A forma corpórea é sempre humana, mas embelezada, aperfeiçoada e purificada. O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca.
A atual superioridade da inteligência de grande parte dos habitantes da Terra indica que o nosso planeta não é mundo primitivo destinado à encarnação de Espíritos que acabaram de ser criados, mas sim de Espíritos que já viveram e realizaram certo progresso. Os vícios de seus habitantes constatam o índice de imperfeição moral, configurando o planeta Terra como mundo de expiações e de provas.
Alguns Espíritos em expiação na Terra já viveram em outros mundos, dos quais foram excluídos devido à sua obstinação para o mal e sendo causa de perturbação para os bons. Estes Espíritos tiveram que ser degredados para um mundo de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes avançassem, porquanto levaram consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram.
A Terra encontra-se em transição para mundo regenerado, em que a alma penitente encontrará a calma e o repouso e acabará por depurar-se. Em tais mundos, a Humanidade experimenta sensações e desejos que libertam das paixões desordenadas, do orgulho, da inveja e do ódio que sufoca, em perfeita equidade nas relações sociais e todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis. Contudo, ainda não há a felicidade perfeita, mas a aurora desta felicidade. Ainda têm de suportar as provas, porém sem as angústias da expiação.
Todos os seres da criação estão submetidos à lei do progresso. A destruição é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento. “Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam”. (…) “Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário”.
Assim, o Universo engloba tudo o que existe, quer seja ele oriundo de elemento material ou espiritual, sendo que as suas forças geram infinitos fenômenos. E acima de tudo, está Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Essa é a Trindade Universal: Deus, princípio material e princípio espiritual.
O Universo tem alma, vida e princípio inteligente que rege tudo que existe. Nada ocorre sem controle e em desordem.
As moradas devem ser compreendidas como mundos habitados por seres corpóreos e incorpóreos (Espíritos), sendo várias na casa do Pai. Nesse sentido, estamos diante de várias moradas e diferentes moradores. Moradas entendidas como mundos, globos, planetas, planos, regiões, esferas ou comunidades.
Bezerra de Menezes esclarece: “há muitas moradas, muitos planetas, todos plenos de vidas – prodigalidade do amor do Criador. São infinitas as moradas onde o Espírito se instala como arquiteto de suas construções, elaboradas com suas mais íntimas emanações. Tudo sob os auspícios do Pai, que, por extremado amor, não nega a Seus amados a oportunidade de transitar por diversos mundos do Universo infinito no processo de evolução que Sua caridade incomensurável lhes oferta”. (…) “Muitas moradas, criações de Deus – o Amor Maior -, gravitam pelo Universo, abrigando as criaturas, sempre de acordo com as conquistas assimiladas ao longo de suas reencarnações: são inumeráveis planetas, cada um com caraterísticas próprias, em função de centenas de milhares de fatores que a aparelhagem da Terra, embora consideravelmente adiantada em termos de tecnologia, ainda não pode analisar”. (MENEZES. Estudando o Evangelho com Bezerra de Menezes)
Onde houver um ser inteligente no Universo, corpóreo ou espiritual, haverá uma morada.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MENEZES, Bezerra de (Espírito), (psicografado por) Alda Maria. Estudando o Evangelho com Bezerra de Menezes. 1ª Edição. Belo Horizonte/MG: Centro Espírita Manoel Felipe Santiago (CEMFS), 2014.
Fonte: Blog de reflexões espíritas - https://juancarlosespiritismo.blog