No instante da morte, a alma volta a ser Espírito, retornando à vida eterna, pois só o corpo morre. E conserva sua individualidade. Ela mantém o fluido que lhe é próprio, tomado da atmosfera do seu planeta, que é seu perispírito e que representa a aparência de sua última encarnação.

A separação da alma e do corpo se dá com o rompimento dos laços que a retinham. 

Durante a vida, o Espírito se liga ao corpo pelo perispírito. A morte é apenas a destruição do corpo e não desse segundo envoltório que se separa do corpo quando cessa neste a vida orgânica. No instante da morte o desligamento do perispírito não se completa subitamente; é gradual e com uma lentidão que varia muito segundo os indivíduos. Para os indivíduos em que a vida foi toda voltada ao material, o desligamento é mais demorado e dura, algumas vezes, dias, semanas e mesmo meses, o que não implica existir no corpo a menor vitalidade e possibilidade de voltar à vida, mas isto ocorre pela afinidade entre o corpo e o Espírito. Quanto mais o Espírito se identifica com a matéria, mais ele sofre ao separar-se dela. Ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação de pensamentos, operam um começo de libertação mesmo durante a vida do corpo, e, quando chega a morte, ela é quase instantânea. 

Na morte natural, que chega por esgotamento dos órgãos, em consequência da idade, o homem deixa a vida sem o perceber.

A sensação que a alma tem quando se reconhece no mundo dos Espíritos depende das suas ações enquanto esteve na matéria. Se fez o mal com o desejo de fazê-lo, se sentirá envergonhado. Para quem foi justo a sensação é de alívio. 

A alma não tem consciência imediata de si mesma após a morte. No momento da morte tudo, a princípio, é confuso. A alma necessita de algum tempo para se reconhecer. Ela se acha aturdida, como um homem quando desperta de um sono profundo e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria da qual se libertou. Ela passa algum tempo em estado de perturbação. Esse tempo depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece quase imediatamente, pois se libertou da matéria durante a vida física. Enquanto que o homem materialista conserva por tempo mais longo a impressão da matéria.

O conhecimento do Espiritismo exerce uma influência muito grande na duração da perturbação após a morte do corpo, pois o Espírito já tinha uma compreensão antecipada quanto ao seu futuro. Mas a prática do bem e a pureza da consciência são os que exercem maior influência.


Referências:

O Livro dos Espíritos – Livro II – Cap. III.


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