Durante o sono, a alma não repousa como o corpo, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, os laços que unem o corpo ao Espírito se relaxam, e o corpo não necessita do Espírito. Então ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.
Podemos apreciar a liberdade do Espírito durante o sono pelos sonhos. Enquanto o corpo repousa, o Espírito dispõe de mais faculdades do que na vigília. Tem o conhecimento do passado e, algumas vezes, previsão do futuro. Adquire maior energia e pode entrar em comunicação com os outros Espíritos, seja neste mundo, seja em outro.
As vezes temos sonhos bizarros, horríveis, e isso é frequentemente uma lembrança dos lugares e das coisas que vimos.
Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se estende aos lugares mais distantes, ou que jamais se viu e, algumas vezes, mesmo a outros mundos, assim como a lembrança que traz à memória os acontecimentos ocorridos na existência presente ou nas existências anteriores; ocorre também a estranheza de imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, junto com as lembranças de coisas do mundo atual, e que formam conjuntos bizarros e confusos que parecem não ter nem sentido, nem ligação.
O sonho liberta, em parte, a alma do corpo. Quando dormimos, estamos, momentaneamente, no estado em que estaremos, de maneira fixa, depois da morte. Espíritos elevados, que se desligam logo da matéria em sua morte, tiveram sonhos inteligentes. Estes, quando dormem, reúnem-se à sociedade de outros seres superiores a eles. Com eles, viajam, conversam e se instruem. Todavia, a maioria dos homens que, na morte, deve ficar longas horas em perturbação, vão para mundos inferiores à Terra, onde velhas afeições os evocam, ou vão procurar os prazeres que podem ser mais inferiores que aqueles que tem aqui.
Pelo efeito do sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relacionamento com o mundo dos Espíritos, mas nossa alma não está em pleno desdobramento. Não recordamos sempre o que vimos ou tudo o que vimos. Temos, muitas vezes, a lembrança da perturbação que acompanha nossa partida ou a nossa volta, à qual se junta a lembrança do que fizemos ou do que nos preocupou no estado de vigília.
A incoerência dos sonhos se explica, ainda, pelas lacunas que produz a lembrança incompleta do que nos apareceu em sonho.
Isto quer dizer que o sono influi mais do que pensamos em nossas vidas.
Referências:
O livro dos Espíritos – Livro II – Cap. VIII – Allan Kardec.