Em 1994, uma morte chocou os Estados Unidos, dando início a maior campanha de prevenção do suicídio.
No Brasil, em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilizou 6,1 suicídios a cada 100 mil habitantes. Isso significa que a cada 45 minutos alguém tira a própria vida no país. Uma estatística alarmante, pois esses números continuam crescendo, principalmente entre a faixa etária de 15 a 29 anos.
Para reverter essa situação, o debate em torno do tema e campanhas para incentivar que pessoas com tendências suicidas e transtornos mentais busquem ajuda são essenciais. Hoje começa o que é conhecido como o mês mundial de prevenção ao suicídio: o Setembro Amarelo.
Desde 2015, quando a campanha foi instaurada no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM), e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os esforços são direcionados para ajudar aqueles que sofrem com doenças psicológicas.
Quando a OMS escolheu a cor amarela para representar a luta contra o suicídio, muitos pensaram que fora uma escolha aleatória. Mas, pelo contrário, a decisão foi inspirada em uma história trágica da década de 1990 que serviu para motivar pessoas de todos os lugares do mundo a pedirem ajuda.
Setembro Amarelo
A história real que inspirou a cor amarela como símbolo da prevenção do suicídio envolve Mike Emme, um jovem que morava em Westminster, no Colorado, Estados Unidos. O rapaz era conhecido como Mustang Mike, pois havia comprado um modelo antigo do automóvel Ford Mustang, e trabalhou sem parar até recuperá-lo por completo; no fim, o pintou de amarelo, criando assim seu apelido.
Mike era apaixonado por seu carro e amado por seus amigos e família. Todos o viam como um garoto entusiasmado com a vida, engraçado e caridoso. Ninguém poderia imaginar o que ele, verdadeiramente, estava passando.
No dia 8 setembro de 1994, às 23:52 da noite, seus pais chegaram em casa e se depararam com uma cena que mudaria a vida de todos para sempre. Mike Emme estava morto dentro de seu tão amado mustang amarelo, em decorrência de um tiro. Ao seu lado um triste bilhete: “Mãe, pai, não se culpem. Eu amo vocês. Com amor, Mike. 11:45 pm”.
Os pais, Dale e Darlene Emme, ficaram devastados. E se perguntaram: se tivessem chegado sete minutos antes poderiam ter evitado essa tragédia? Esse questionamento motivou o casal a incentivar outros jovens que estivessem passando por problemas semelhantes a procurarem ajuda. Para isso, planejaram um detalhe especial para o dia do enterro do filho, que partira com apenas 17 anos.
Peça ajuda!
No sepultamento do garoto, seus amigos e parentes levaram uma grande cesta: nela havia centenas de cartões e cada um estava preso a uma fita amarela — em homenagem ao carro de Mike e sua memória. Nos papéis uma mensagem simples: “Se você precisar, peça ajuda”.
Ao final da cerimônia todos os bilhetes haviam sido entregues e, para a surpresa da família Emme, dias depois, ligações de todos os lugares começaram a chegar. Pessoas pedindo apoio e confessando seus problemas e medos. Foi quando a ideia de uma organização surgiu: a Yellow Ribbon (Fita Amarela, em tradução livre). Uma entidade sem fins lucrativos que promovem a conscientização de doenças que ainda são tratadas como tabu.
Nos últimos 25 anos, foram entregues quase 20 milhões de cartões, segundo a própria instituição, conseguindo, assim, salvar 114 mil vidas. O movimento que começou tragicamente com a perda de um jovem promissor hoje faz a diferença no mundo e busca mostrar que toda vida vale a pena.