Na capa de um periódico de grande circulação, encontramos a seguinte indagação: Nós temos o direito de escolher como e quando nossa vida vai acabar?
A questão anunciava uma reportagem sobre a eutanásia, a morte feliz, ou morte assistida.
Os argumentos foram muitos, abordando desde o extremo sofrimento do paciente, passando pelos casos em que não se tem mais o que fazer para salvar uma vida, chegando às discussões sobre o elevado custo de se manter um familiar sob o sustento de aparelhos.
A posição da Doutrina Espírita é clara: nós não temos esse direito.
A vida na Terra, esse período que cada um de nós passa aqui, exige análise mais profunda, que leve sempre em conta a existência do Espírito, esse ser imortal que vem se aperfeiçoando ao longo do tempo, mergulhado na lei perfeita da reencarnação.
O Espiritismo também nos mostra que o sofrimento, em todas suas nuances, sempre tem o objetivo de nos fazer melhores.
Assim, é importante entender que as dores das enfermidades, principalmente quando antecedem a morte, têm o objetivo de nos purificar, ou talvez, segundo cada caso, fazer-nos cumprir a lei de causa e efeito, resgatando ali, naqueles instantes finais, dívidas do passado distante ou recente.
A desencarnação é um processo delicado que, diversas vezes, se inicia muito antes da morte, e se finda algum tempo depois dela.
Desse modo, aqueles momentos em que o paciente passa inconsciente, ou em estado vegetativo, são de grande valia para o Espírito imortal.
Nossa visão limitada, por vezes, não consegue alcançar esses detalhes sutis, e é por essa razão que, nessas situações, pensamos somente nas dores físicas, nas limitações da ciência, e nas complicações financeiras.
É preciso abrir nossas mentes para compreender essas verdades, as realidades que estão além do que nossos sentidos podem provar, que estão além dos poucos anos que vivemos nesta vida.
Cada um de nós é um Espírito indestrutível, criado para a perfeição, que vem, ao longo de muitos séculos, passando por diversas experiências, tendo como objetivo maior o progresso intelectual e moral.
Em vista de tudo isso, seja qual for a razão pela qual se pretenda interromper uma vida humana, justificativa alguma será aceitável.
A existência física é uma imensa oportunidade que temos para crescer, e qualquer segundo a mais que pudermos ter aqui, deverá ser considerado como um tesouro de valor inestimável.
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Amar e atender os pacientes com carinho, envolvendo-os em vibrações de paz, orando por eles, são atitudes corretas que a consciência cristã deve aplicar em quaisquer situações em que se encontrem, na condição de familiar ou facultativo, de amigo ou de companheiro, na enfermagem ou no serviço social.
Eutanásia, nunca!
Redação do Momento Espírita, com base em artigo da revista
Superinteressante, de março de 2001; no cap. 26, do livro Reflexões
espíritas, pelo Espírito Vianna de Carvalho, psicografia de Divaldo
Pereira Franco, ed. LEAL e no cap. Solução infeliz, do livro Quem tem
medo da morte?, de Richard Simonetti, ed. CAC.