A música espírita é o toque de classe em todos os momentos da vida humana e serve de bem-estar psíquico, promovendo assim, o equilíbrio e a manutenção saudável de todos os componentes vitais através dos centros de forças.
A melodia aliada a composição poética permite alcançar a elevação emocional dos ouvintes, numa simbiose perfeita entre o corpo e a alma.
É muito comum ouvir música nos centros espíritas como preparação do ambiente nas diversas sessões periódicas ou eventos diversos, com o objetivo de promover esse bem-estar psíquico que destacamos no início.
Léon Denis diz que “a música é a voz dos céus profundos. No espaço tudo se traduz em vibrações harmônicas e certas classes de espíritos comunicam-se entre si apenas por meio de ondas sonoras”. [1]
Amadeus Mozart reflete muito bem sobre isso quando fala da sua experiência no planeta Júpiter:
– No planeta onde estou, Júpiter, a melodia está por toda parte, no murmúrio da água, o ruído das folhas, o canto do vento; as flores murmuram e cantam; tudo emite sons melodiosos. Sê bom; ganha esse planeta pelas tuas virtudes; escolheste bem cantando Deus: a música religiosa ajuda a elevação da alma.
A música ‘Quanta Luz’ de Cenyra Pinto [2] é uma celebração da espiritualidade e da conexão divina que se manifesta através da oração. A letra destaca a presença de uma luz intensa que desce sobre os indivíduos, simbolizando a iluminação espiritual e a paz interior que a prece pode proporcionar.
Os artistas são os médiuns de Deus na Terra, que criam suas composições através do alcance da mediunidade, capitando ambientes de criatividade em toda natureza. O seu compromisso se encontra perfeitamente com outros espíritos de dimensões diferentes, mas o serviço criativo em ambientes diversos produzem inspirações que são capazes de dialogar e inspirar outros artistas espalhados pelos mundos criados por Deus, numa parceria inexorável.
Um caso interessante se deu com o cantor e compositor Almir Sater, ao ser perguntado no programa sertanejo da TV Cultural, em São Paulo, de como compôs a música Tocando em Frente. Ele foi objetivo ao responder que só poderia tratar-se de uma psicografia, visto as condições especiais de como foi concebida na casa de Renato Teixeira antes do jantar.
Conta que ele havia chegado na casa do amigo e parceiro, um pouco antes, e que pegou um violão do filho do compositor – faltando uma corda – e começou a tocar, quando aos poucos uma melodia e letra começaram a tomar contornos de uma canção, numa velocidade pouco comum à natureza criativa de ambos. No momento, diz não ter percebido o seu conteúdo, porque logo foram chamados para o jantar.
Ao chegar em casa foi perguntado como foi o jantar e ele disse à esposa que havia sido muito legal e que até compuseram juntos uma música muito interessante. Todos então ficaram curiosos e quiseram ouvi-la, coisa que o Almir Sater em seguida apresentou em primeira mão e todos ficaram maravilhados pela beleza da música e da letra.
Aqui a poesia e a melodia para que se verifique a qualidade da mensagem, como também, perceba a relação entre as diversas canções existentes em nossos arraiais espíritas que conhecemos graças aos nossos notáveis compositores espíritas:
Ando devagar porque já tive pressa/ E levo esse sorriso porque já chorei demais…/ Hoje me sinto mais forte/ Mais feliz quem sabe?/ Eu só levo a certeza do que muito pouco sei…/ Ou nada sei…/ Conhecer as manhas e as manhãs…/ O sabor das massas e das maçãs…/ É preciso amor pra poder pulsar…/ É preciso paz pra poder sorrir…/ É preciso a chuva para florir…/ Penso que cumprir a vida seja simplesmente/ Compreender a marcha e ir tocando em frente…/ Como um velho boiadeiro levando a boiada/ Eu vou tocando os dias pela longa estrada/ Eu vou… estrada eu sou…/ Conhecer as manhas e as manhãs…/ O sabor das massas e das maçãs…/ É preciso amor pra poder pulsar…/ É preciso paz pra poder sorrir…/ É preciso a chuva para florir…/ Todo o mundo ama um dia… todo o mundo chora…/ Um dia agente chega… o outro vai embora…/ Cada um de nós compõe a sua historia…/ E cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz…/ Conhecer as manhas e as manhãs…/ O sabor das massas e das maçãs…/ É preciso amor pra poder pulsar…/ É preciso paz pra poder sorrir…/ É preciso a chuva para florir…/ Ando devagar porque já tive pressa/ E levo esse sorriso porque já chorei demais…/ Cada um de nós compõe a sua história…/ E cada ser em si carrega o dom de ser capaz… de ser feliz…
Gilberto Lepenisck
Referências:
[1] DENIS, Léon. Capítulo: A música. In: O Espiritismo na Arte. Rio de Janeiro: Arte e Cultura, 1990. p.72.
[2] Google.
Nota do Autor:
Texto originalmente publicado no Correio Espírita, Edição de Setembro de 2015 por Gilberto Lepenisck.
Nota do Editor:
A passagem mencionada pelo autor sobre o artista Almir Sater encontra-se disponível no link da TV Cultura no Youtube em <https://www.youtube.com/watch?v=SWtjTkixv5M>, cuja imagem encontra-se em destaque. Acesso em 05/12/2024.