
O conceito de perfeição.
No coração da Doutrina Espírita, encontramos um chamado à transformação moral e espiritual. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, uma obra fundamental dessa doutrina, dedica o Capítulo XVII, intitulado “Sede Perfeitos”¹, com as indicações de como agir para ser perfeito na vida em sociedade.
Nessa obra, os Espíritos da Codificação Espírita desdobram o conceito do verdadeiro “homem de bem” para assim, um dia, alcançarmos a perfeição, como o Pai celestial é perfeito.
O homem de bem segundo o Espiritismo.
Ser uma pessoa de bem, de acordo com a visão espírita, vai além da mera conduta ética ou moralista.
É um estado de ser que abraça a justiça, o amor e a caridade em suas formas mais puras. Não só praticando essas virtudes na vida cotidiana, mas fazendo delas um reflexo de nossa alma.
Para isso, precisamos consultar constantemente a nossa consciência para medir não apenas o impacto de nossas ações em nossa própria vida, mas também na vida de todos ao nosso redor.
Os pilares do Espiritismo para sustentar o ser perfeito.
A justiça, o amor e a caridade são, de acordo com a moral espírita, os pilares para o “homem de bem”.
A justiça, entretanto, não significa apenas como equidade ou conformidade com as leis humanas. Mas como a consonância permanente com a lei natural² que governa o universo e, consequentemente, a nossa vida.
O amor, em seu conceito mais puro e elevado, é a empatia e a bondade que ultrapassam todas as barreiras e preconceitos.
E devemos, portanto, praticá-lo em todas as suas formas, como respeito, compreensão, paciência, perdão, benevolência, solidariedade, entre outras atitudes.
Por sua vez, a caridade é a ação altruísta. Ou seja, é fazer o bem sem olhar a quem, sem esperar retribuição nem reconhecimento, é a verdadeira expressão do amor na prática.
O autoconhecimento é fundamental para a evolução.
Outro aspecto fundamental da Doutrina Espírita é a ênfase no autoconhecimento e no exame de consciência.
O “homem de bem” é alguém que constantemente reflete sobre as suas ações, intenções e motivações. Mas, sobretudo, aferindo-as sempre em relação aos efeitos ou às consequências para as outras pessoas.
Este processo de autoavaliação não é apenas um exercício intelectual, mas um esforço contínuo para alinhar a vida pessoal com os valores espirituais mais elevados.
São muitos os desafios durante a jornada do aperfeiçoamento espiritual.
Desenvolver virtudes como a paciência, a humildade, a benevolência e a generosidade é fundamental para a jornada espiritual.
Cada pessoa, independentemente de sua posição na sociedade, deve cultivar essas qualidades, não como um fim em si mesmas, mas como meio para alcançar a verdadeira perfeição moral.
Cada decisão, não importa quão pequena seja, é sempre uma oportunidade para praticar e demonstrar a moralidade.
Assim, seja no ambiente familiar, no trabalho ou nas relações sociais, devemos sempre agir com integridade e bondade, transformando o cotidiano em um campo fértil para o nosso desenvolvimento pessoal.
O Espiritismo explica que para ser perfeito precisamos conviver em sociedade.
A moral espírita, certamente, não se limita à esfera individual. Ela tem um profundo impacto social.
Afinal, ao incentivar a prática da justiça, do amor e da caridade, ela contribui para a construção de uma sociedade mais harmoniosa e equitativa.
Essas virtudes, quando vividas plenamente, têm o potencial de curar divisões e construir pontes de compreensão e respeito mútuo.
E, naturalmente, somente através das nossas diferentes relações, seja no âmbito familiar, escolar, profissional ou social, podemos colocar em prática os nossos aprendizados, avaliar os pontos que identificamos como falhos e procurar corrigi-los em novas oportunidades.
Ser perfeito, como mostra o Espiritismo, requer atenção constante.
Portanto, vemos que para ser perfeito, de acordo com as orientações fornecidas pelo Espiritismo, precisamos nos dedicar diariamente para conseguir a transformação interior e o crescimento espiritual.
A perfeição é um caminho, não um destino; é uma jornada de constante de autoaperfeiçoamento e de dedicação ao bem.
Para a Doutrina Espírita, cada passo dado em direção à virtude é um passo mais próximo de Deus, um eco da perfeição do Pai celestial refletido na alma humana.
José Batista de Carvalho
Referências
1 – O texto inspirado em “O Evangelho Segundo o Espiritismo“, por Allan Kardec, Capítulo XVII – Sede Perfeitos – Item 3 – O homem de bem
2 – Para saber mais sobre a lei natural, veja em “O Livro dos Espíritos“, por Allan Kardec, Parte Terceira – Das leis morais – Capítulo I – Da lei divina ou natural