O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – ALLAN KARDEC

CAPÍTULO XVIII: MUITOS SÃO CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS

ITENS 10 e 12: A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ PEDIDO

 

“Porque àquele servo, que soube a vontade de seu Senhor, e não se apercebeu, e não obrou conforme a sua vontade, dar-se-lhe-á muitos açoites. Mas àquele que não a soube, e fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele a quem muito foi dado, muito será pedido, e ao que muito confiaram, muitas coisas lhe tomarão.” (Lucas, XII: 47 e 48)

“E Jesus lhe disse: Eu vim a este mundo para exercitar um juízo, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem, se tornem cegos. E ouviram alguns dos fariseus que estavam com ele, e lhe disseram: Logo também nós somos cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se vós fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como agora mesmo dizeis: Nós vemos, fica subsistindo o vosso pecado.” (João, IX: 39 a 41)

 

Jesus ressalta, nesses ensinos, a lei do livre-arbítrio, a lei de causa e efeito, com a consequente responsabilidade de cada um no seu viver.

O homem traz em si, na sua essência espiritual, o livre-arbítrio, que lhe faculta escolher, entre duas ou mais opções, a que achar melhor para si. Fica, porém, preso às consequências agradáveis ou desagradáveis das suas escolhas.

Quanto mais inteligente, quanto mais conhecimento, quanto mais talentos, quanto maior o entendimento, mais deve produzir coisas boas para si e para os outros.

Quando se dá o contrário, beneficiando-se a si próprio, causando males ou não para outros, omitindo-se no bem, sofrerá muitos açoites no seu próprio viver, em um futuro, retardando seu progresso, porque terá que enfrentar os novos açoites da colheita dessa nova semeadura. 

Enquanto Espíritos imperfeitos, todo dia é dia de colher os frutos de ações passadas, e todo dia é dia de semear, no modo como se faz essa colheita, ou na vivência de experiências novas.

Àquele, pois, Espírito mais novo ou não, com sua capacidade intelectiva menos desenvolvida, cometendo faltas, sofrerá apenas as consequências naturais dos seus atos, na correspondência do seu entendimento. É assim que a lei de causa e efeito se processa, numa perfeita justiça, exigindo de cada um apenas o que pode dar.

Por isso, Jesus, que veio ao mundo para ensinar as leis morais, que devem ser vividas por todos os filhos de Deus, evidencia a grande responsabilidade dos que as conhecem e não as praticam, como se vê na resposta aos fariseus, que se julgavam, e eram os mais esclarecidos da nação: Se vós fôsseis cegos, não teríeis culpa.  

Em seu comentário, Allan Kardec ressalta a importância dos ensinos trazidos pelos Espíritos, reproduzindo os ensinos de Jesus, com esclarecimentos sobre leis naturais, que reforçam a necessidade de vivenciá-los no viver na Terra.

Os Espíritos, comunicando-se por toda a parte, citando os ensinos de Jesus sob diversas formas, tornando-os mais claros e inteligíveis, demonstrando que eles são consequências de leis naturais, facilitam seu entendimento, de maneira que “todos, letrados ou não, crentes ou descrentes, cristãos ou não cristãos, podem recebê-los ...”.

Assim, quem quer que os receba, direta ou por intermédio de outros, não pode alegar ignorância, ou justificar-se pela falta de instrução, por não entender as alegorias.

O espiritismo, o Consolador que veio recordar tudo o que Jesus dissera, e ensinar outras coisas que estavam veladas ao entendimento da época, coloca à disposição de todos a necessidade e a possibilidade de sua prática, à qual ninguém pode fugir.

Assim, aqueles que admiram esses ensinos, mas, não se esforçam por colocá-los em prática, continuando fúteis, orgulhosos, egoístas, apegados aos bens e valores materiais, provocando males ou não, omitindo-se no bem, são tanto mais culpados quanto mais facilidades têm para conhecer a verdade.

Cita Kardec, os médiuns que recebem boas comunicações, não as colocando em prática, por julgá-las necessárias aos outros, não a si próprios. São muito mais repreensíveis, sofrerão consequências dolorosas, por estarem cegos pelo orgulho, não percebendo que os Espíritos se dirigem, primeiramente, a eles.

“Aos espíritas, portanto, muito será pedido, porque muito receberam, mas também aos que souberem aproveitar os ensinamentos, muito lhes será dado.

O primeiro pensamento de todo espírita sincero deve ser o de procurar, nos conselhos dados pelos Espíritos, alguma coisa que lhe diga respeito.

O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, e pela fé que proporciona, multiplicará também o número dos escolhidos.”

Conhecer os princípios espíritas e não se esforçar por ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor de que hoje, é desprezar uma grande oportunidade de viver com mais segurança, com mais confiança em Deus, nos homens e em si próprio, sentindo-se sempre estimulado ao bem.

 

                                                        Leda de Almeida Rezende Ebner 

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