Paulo, em Coríntios I, fez uma constatação que não envelheceu: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm”. A humanidade tem vivenciado profundo processo de mudança, resultante da necessidade de encontrar novos caminhos que a aproximem da paz e da felicidade, mas por vezes perde a noção do que é conveniente.
Há milhões de pessoas querendo mudar, algumas motivadas por bons valores, outras por suas ambições, desse modo chegamos ao ponto em que, quase sem exceção, as pessoas se acham no direito de tentar tudo, testar tudo, negar tudo e até aceitar tudo quase como se mergulhassem de olhos fechados sem saberem onde vão cair.
A mudança costuma ser precedida pelo caos. Vivemos um caos aparente. Há um quê de rebeldia, negação, extremismo, até de anarquia no ar. Enquanto Deus, que não varia de humor, nem muda de opinião, produziu inclui leis perfeitas e eternas que dão estabilidade ao Universo, os homens estão evoluindo através da experimentação.
O ser humano amadurece e de tempos em tempos muda sua ótica sobre o mundo e as relações, suas leis e regras de conduta são alteradas, tornadas obsoletas no presente e para o futuro. É pela própria experimentação ou análise das experiências alheias, que o homem adquire conhecimento e valores.
No processo de transformação da humanidade, muitos temem, mas só se percebe que existe sujeira onde a luz se manifesta, o aumento do caos aparente é progresso bem mais perto de nós.
Temos mais liberdade por termos conquistado mais capacidades e não é preciso ter fé religiosa para saber que a quem muito foi dado, muito será pedido. A conquista de direitos não exclui os deveres. Nem tudo convém. A decadência dos valores morais não nasce do bom uso do livre-arbítrio.
Paulo, ainda em Coríntios I, também disse “Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. Agir com liberdade é diferente de agir na libertinagem. Direitos e deveres são para todos. Não adianta cobrar mudanças do mundo se nós mesmos não mudamos para melhor.
É tempo de reavaliarmos nossa conduta de forma isenta de interesses pessoais. O melhor caminho não é o meu ou seu – é o nosso. É possível fazer só o que convém, basta a boa vontade em imaginar como reagiríamos ao perceber no outro ações e sentimentos aos quais nós mesmos damos acolhida.
Autora: Vania Mugnato de Vasconcelos
Site: http://espirito.org.br