Através de algumas pessoas, em momentos distintos, tivemos a ocasião de ouvir e de ler (em mensagens eletrônicas) a expressão: Para as coisas essenciais estamos sós na Terra, pronunciada ou escrita de maneira incisiva, contundente.

Com o máximo respeito a quem assim pensa, entendemos que ninguém, ninguém mesmo, está só, seja para as coisas essenciais que ocorrem neste planeta, seja para quaisquer outras.

Por quê?

Simplesmente porque todos os seres humanos encarnados na Terra têm o seu Espírito Protetor ou o seu Anjo de Guarda, que sempre é de ordem elevada, cuja missão é a de um pai em relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida. (O livro dos Espíritos, q. 491)

É um Espírito Protetor ou Anjo de Guarda que age como um bom pai, que procura guiar o seu filho pela trilha do bem, que o auxilia com seus bons conselhos, que o consola em suas aflições e que busca levantar-lhe o ânimo nas provas da vida, comuns a todos nós por sinal, tal como se lê, no texto reproduzido.

É muito importante lembrar que somos dotados de livre-arbítrio, definido pelo Dicionário Escolar da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras como liberdade para tomar decisões de acordo com o seu próprio discernimento.

Vale a pena recordar que tais Espíritos, sendo de ordem elevada, são muito respeitosos e respeitadores, razão pela qual nada impõem a ninguém, de tal modo que o nosso livre-arbítrio é preservado sempre.

Podemos assim ser inspirados a não nos desviarmos do caminho do bem, mas temos o livre-arbítrio para aceitar ou não a sugestão e, por isso, podemos enveredar pela estrada do mal.

Igualmente podemos não aceitar os bons conselhos que recebemos, assim como não nos considerarmos consolados em nossas aflições, e até mesmo ficarmos desanimados ante as provas da vida na presente existência (a vida é uma só, desdobrada em várias existências – a que vivenciamos agora no planeta Terra é uma delas).

Tudo isso é possível, sim, pelo uso de nosso livre-arbítrio.

O Protetor faz, e bem, a parte que lhe compete, como um bom pai, zeloso, cuidadoso, que orienta para o bem e para a sua prática, consola incansavelmente, procura levantar o ânimo nas provas, particularmente nas mais difíceis e penosas, mas, não pode nem deve fazer a parte que ao protegido cumpre realizar.

E a razão é simples: o protegido tem a liberdade de tomar [e deve] as suas decisões, de acordo com o grau do seu discernimento, a fim de se tornar por elas responsável e por suas consequências. Se não fosse assim, bastaria ao protegido alegar que tomou tal ou qual decisão por determinação de seu Protetor, motivo pelo qual não seria responsável por ela nem pelas consequências dela advindas, transferindo, desse modo, a responsabilidade correspondente.

Não seria lógico nem racional. Não faria sentido.

 

Por esta brevíssima explanação, pode-se deduzir que o ladrão, o que se envolveu com drogas, o assassino, o presidiário, etc. tem o seu Espírito Protetor ou o seu Anjo de Guarda, sim, apenas não o ouviu (nem o seguiu) em seu bom e nobre aconselhamento e, no exercício de seu livre-arbítrio, optou por outra decisão (por outro caminho). Naturalmente, é por ela inteiramente responsável.

Também é claro que, mais adiante, a tempo e a hora, terá a oportunidade de corrigir e reparar as decisões equivocadas que tomou, uma vez que nunca é tarde para começar ou recomeçar.

Irreparável é uma palavra que não existe, pela simples e boa razão de que temos (os seres Espirituais) origem divina, somos imortais e indestrutíveis e, portanto, viveremos para sempre, no corpo físico ou fora dele, de modo que sempre teremos a oportunidade de corrigir e reparar nossos erros, males e equívocos e, como decorrência, avançar em nosso aperfeiçoamento pessoal, intelectual e moral, sendo melhores (A finalidade do Espiritismo é a de tornar melhores os que o compreendem – Revista Espírita de julho de 1859) e, exatamente por esse motivo, mais felizes a cada dia.

Por outra parte, também ninguém está só por ser filho de Deus, que é o Pai Universal de todos nós.

Neste exato momento, encontramo-nos em posições e situações diferentes de pai, mãe, irmão, irmã, tio, tia, primo, prima, cunhado, cunhada, enteado, enteada, genro, nora, sogro, sogra, avô, avó mas, do ponto de vista da Vida Verdadeira, que é a Vida Espiritual, todos somos irmãos por sermos filhos dessa inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. (O livro dos Espíritos, q. 1)

Deus não abandona a nenhum de Seus filhos.

Bem ao contrário, educa-os através de Suas inderrogáveis leis, mais conhecidas como Leis Divinas ou Naturais.

Carlos Torres Pastorino, em seu livro Minutos de sabedoria, observa, orientando: Deus está em toda a parte ao mesmo tempo, em redor de você, dentro de você!

Jamais você está desamparado.

Nunca está só.

Não permita que a mágoa o perturbe: procure manter-se calmo, para ouvir a voz silenciosa de Deus dentro de você.

Assim, poderá superar todas as dificuldades que aparecerem em seu caminho, e há de descobrir a Verdade que existe em todas as coisas e pessoas. (mensagem nº 2)

Por fim, cumpre não perder de vista que podemos contar também com Jesus, o Cristo, Filho de Deus, nosso Irmão, Mestre e Amigo de todas as horas, cujo ensinamento máximo está contido numa extraordinária e enxuta sentença: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, com a qual resumiu toda a lei e os profetas.

Jesus, Mestre e Amigo de todas as horas. Todas!

Podemos inferir, assim, que realmente ninguém está só.

Autor: Antônio Moris Cury

Fonte: http://www.mundoespirita.com.br

Deixe seu Comentário