“Porque a paixão do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males e, nessa cobiça, alguns se desviaram da

fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. – Paulo. (I Timóteo, 6:10).

A compreensão parcial de determinados trechos evangélicos tem levado a muitos equívocos. Uma dessas

situações relaciona-se à posse, à riqueza como obstáculo à conquista dos valores eternos. Por exemplo,

quando Jesus respondendo ao moço rico lhe disse que seria preciso vender tudo o que tinha para segui-

Lo, e concluiu que “é mais fácil um camelo passar no fundo da agulha do que um rico entrar no reino de

Deus”, muitos interpretam que o Mestre menospreza a prosperidade e condena aquele que possui a

riqueza. Jesus, com tal ensinamento, “jamais quis menosprezar a prosperidade, que é um bem da vida”, e

nem condenar o rico; pretendeu com isso advertir-nos quanto ao apego excessivo dos bens materiais, do

supérfluo porque desavisados, invigilantes, habituamo-nos ao abuso.

Em o Evangelho Segundo o Espiritismo Allan Kardec esclarece que “se a riqueza houvesse de constituir

obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de

Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos

de alguns um instrumento de perdição, sem apelação alguma, ideia esta que repugna a razão”. Na

sequência reflete que a riqueza, naturalmente, é um poderoso “excitante do orgulho, da vaidade, da vida

sensual”, isto é, gera tentações e exerce grande fascínio levando o incauto, em função da concupiscência

que lhe é própria, a situações infelizes.

O dinheiro em si é neutro, é a aplicação que se lhe dá que o transforma em veículo do Bem ou do Mal, de

elevação ou de queda, alterando-lhe a finalidade. Provendo educação, trabalho, remédio, alimento etc.,

enobrece quem o possui e quando usado com egoísmo, apenas em benefício próprio, na posse sem

aplicação no bem comum, encarcera o homem levando-o à infelicidade.

O apóstolo Paulo reconhecendo que o dinheiro em poder de criaturas que ainda estagiam no egoísmo, na

avareza, na usura, na insensibilidade é porta aberta à queda orienta Timóteo.

Emmanuel, no texto em estudo, atualizando o ensinamento apostólico, considera que, embora o dinheiro

seja bênção da vida, seu uso indevido deforma o coração daquele que o segrega no vício; faz-se verdugo


implacável do avarento; transforma a inteligência perversa em arma destruidora; vinga-se daquele que o

extorque e o recolhe, instalando enfermidade e cegueira, mas é instrumento libertador quando aplicado

no campo do progresso e da bondade. Conclui que: “não é a moeda que envilece o homem, mas sim o

homem que a envilece pelo desvario das paixões que o dominam”.

“A riqueza é um bem para ser administrado em benefício geral e não para uns privilegiados. Aquele que

retém a riqueza em seus cofres, sem dar-lhe utilidade é avarento, e o que a manipula apenas em seu

benefício é exclusivista, egoísta, ambicioso; na verdade esse já recebeu a recompensa que queria”.

Iracema Linhares Giorgini


Bibliografia: Xavier, Francisco Cândido. “Palavras de Vida Eterna: Dinheiro e Atitude”. Ditado pelo

Espírito Emmanuel. CEC. 17a ed. Uberaba, MG. 1992. 2. Kardec, Allan. “O Evangelho Segundo o

Espiritismo: Capítulo XVI – Salvação dos Ricos”. IDE. 59a ed. Araras, SP. 1986. 3. Peralva, Martins.

“Estudando o Evangelho: Riqueza”. FEB. 15a ed. Rio de Janeiro, RJ. 1987. 4. Palhano Jr., L. “A Carta de

Tiago: Os Ricos; Riquezas”. Editora FRÁTER. Niterói, RJ. 1992.

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