A obra O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, em sua questão 908, diz que “as paixões são como um cavalo que é útil quando está dominado, e que é perigoso quando ele é que domina.” Vejamos com atenção que não há qualquer referência ao cavalo ser bom ou ruim por si só, mas que sua força pode ser boa ou má a depender do controle que se tenha sobre ele.

Notamos que há grande interesse, sobretudo por parte dos mais jovens, pelo tema paixão*. Para eles a vida não terá graça ou sentido se não estiver mesclada por algum sentimento intenso, que dobra a vontade mais ferrenha e domina a alma mais forte. Usualmente é isso que pensam ser paixão, ainda que o empenho profundo em qualquer área também possa receber tal denominação.

Essa busca ansiosa em encontrar motivação para viver, afetiva ou não, pode levar o incauto a desacertos dos quais se arrependerá, afinal, é pelo impulso de um coração descontrolado que muitas decisões são tomadas e nem todas, diga-se, se referem a expressões de amor.

Exatamente este o fundamento de boa parte dos problemas da sociedade atual. Quantos não se perdem por se deixarem arrastar por seu cavalo (paixão) das mais diversas, tendo que, posteriormente, secar lágrimas de arrependimento, enfrentar prejuízo moral, afetivo ou material, tudo porque não seguraram as rédeas de seus impulsos, desejos, sonhos, amores e ambições descontrolados.

A supracitada questão é concluída com um aviso que incentiva a autoanálise: “…uma paixão/cavalo se torna perniciosa a partir do momento em que não podeis governá-la e que ela tem por resultado um prejuízo qualquer para vós ou para outrem.”

Para todos e em qualquer idade, viver bem exige um pouco daquele interesse profundo que impulsiona a busca ou realização de algo, aquilo que estimula a seguir adiante, que motiva, e que pode ser chamado de paixão. Mas, para que ninguém saia destruindo tudo a sua volta sob a justificativa de estar subjugado a essa força, é preciso aprender controlar seu uso de modo a levá-la na direção que precisamos que vá – na direção do sucesso de nossos desejos sem gerar prejuízo a ninguém.

Podemos cavalgar a paixão. Mas devemos controlá-la.

Bendito seja o equilíbrio da vontade adquirido na maturidade!

*Não tratamos da paixão fisiológica, de duração limitada, provocada por hormônios e neurotransmissores; falamos de comportamento.

Autora: Vania Mugnato

https://espirito.org.br/artigos/controle-o-seu-cavalo/

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