DEFENDA JESUS
Defenda Jesus sem beligerância e o faça sem empunhar uma espada verbal, sem levantar bandeiras separatistas, sem instigar ódio a classes, partidos, ideologias, sem se julgar melhor, sem excluir, rotular ou marginalizar pessoas que não pensam como você e não rezam pela mesma cartilha.
Defenda Jesus assumindo um compromisso diário e incessante de viver a sua proposta, não cobrando dos outros a mesma intensidade de vivência, entrega e compreensão.
Compartilhe ideias, posicionamentos e pontos de vista, mas nunca imponha seu jeito de raciocinar, sentir e viver a quem quer que seja.
Defenda Jesus acolhendo crianças que perambulam nos sinais de trânsito, que dormem nas calçadas, que são recrutadas diariamente pelo tráfico, que são prostituídas e roubadas no direito de terem a própria infância.
Defenda Jesus lutando por uma escola pública de qualidade com salário decente para os professores e demais servidores escolares.
Defenda Jesus alfabetizando crianças, adolescentes, adultos e idosos, para que lendo e se informando, sejam mais críticos, conheçam novos caminhos, possam colaborar e se posicionar sem violência na construção de uma sociedade mais justa, igualitária, inclusiva, promovendo o surgimento de um mundo melhor.
Defenda Jesus abraçando refugiados, vendo o que é possível fazer pelos que se encontram nas ruas, cuidando melhor do lugar onde mora e do planeta onde vive, nossa casa comum.
Defenda Jesus reconhecendo e respeitando milhões de pessoas com orientação sexual diversa da sua, com crenças religiosas, preferências políticas, simpatia futebolística, gostos e costumes que não se alinham com os seus.
Defenda Jesus indo ao encontro de idosos desvalidos, de portadores de doenças crônicas que estão sem apoio medicamentoso e hospitalar.
Defenda Jesus reconhecendo o direito histórico de índios e quilombolas terem suas terras e tradições respeitadas.
Defenda Jesus melhorando o sistema prisional, o código penal, lutando por segurança pública que nos permita ir e vir com liberdade.
Defenda Jesus buscando um consumo mais racional dos bens que a Terra oferece, repartindo melhor o pão, diminuindo as desigualdades econômicas, permitindo que todos tenham acesso a moradias dignas, saneamento básico e transporte público com qualidade.
A defesa que Jesus precisa é a dos fundamentos do seu Evangelho de amor, e ela se dá de modo vivencial, quando deixamos as discussões teológicas, as fronteiras interpretativas e traduzimos em atitudes a crença que dizemos nos inspirar.
Quando buscamos o que nos aproxima e não nos detemos exclusivamente no que nos distancia.
Defender Jesus é amar o próximo e não combater, exterminar, calar a voz que destoa da nossa. É deixar de sermos reativos, impulsivos e apaixonados na sua defesa e agir com serenidade em direção aos que sempre foram objeto das suas pregações e ações: os pobres, os excluídos, as crianças, os doentes, as mulheres oprimidas, as pessoas desorientadas, os iludidos pela posse material.
Não se defende o Cristo com ódio, preconceito, beligerância, mas com amor, aceitação, paz e diálogo.
Tenhamos cuidado para não vivermos nas fileiras do cristianismo redivivo em permanente e incessante combate. Já fizemos isso no passado quando combatemos os romanos sendo hebreus e sendo romanos, combatíamos os hebreus. Fizemos isso quando éramos católicos e combatíamos muçulmanos, judeus e protestantes, promovendo tribunais inquisitoriais, cruzadas e noites terríveis como a de São Bartolomeu. Nossa cruzada não deve ser contra ideias, obsessores, autores, filosofias, mas de divulgação e vivência do Espiritismo, esclarecendo, consolando, respeitando quem divirja, não creia ou não goste do que gostamos.
Nossa bandeira é a do amor em permanente movimento. E o amor não guarda rancores, não estimula atitudes agressivas camufladas de defensivas. O amor não advoga ações repulsivas, discriminatórias, mas perdoa, compreende, diz sim e diz não, sem ódio, sem espírito belicoso, sem falsa superioridade, sem divisionismos.
Defenda Jesus pacificamente.
Não aceite as tentativas de se vender a imagem de um Cristo bélico e exclusivista, preconceituoso e terrível. São manipuladores de plantão colocando a mensagem cristã a serviço de seus interesses pessoais, são almas ainda distanciadas da proposta do Evangelho que nos recomenda dar a outra face, perdoar setenta vezes sete e andar uma milha à mais com algum opositor.
Como espíritas devemos buscar servir a Jesus mas não nos servir de Jesus e a melhor defesa que podemos fazer dele, para ele, em seu nome, é viver integralmente sem desvios, distorções e ilusões, a sua mensagem de amor.
Autor: Cezar Braga Said