odas as coisas cooperam juntas ao bem de quem a Deus ama
Não te apartes do Senhor, espera pacientemente
 nEle e Ele te dará o que deseja o teu  coração.
Salmos, 37:4

Nas anotações neotestamentárias de Marcos[1], lemos as palavras proferidas por Jesus: Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes.

Segundo o ínclito mestre lionês[2] (…) fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para nosso bem. É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses. Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.

 O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação. Ele assiste os que se ajudam a si mesmos, de conformidade com esta máxima: “Ajuda-te, que o Céu te ajudará”; não assiste, porém, os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso das faculdades que possui. Entretanto, as mais das vezes, o que o homem quer é ser socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço.

Em muitas ocasiões, as atitudes de Jesus eram de exaltação à fé, sempre procurando levar a criatura a explorar os seus potenciais íntimos a benefício de si mesma.

Também podemos, no âmbito da fé, aplicar as Suas palavras, quando disse: Ao que tem muito, mais se lhe dará; e ao que tem pouco, o pouco lhe será tirado.

Ao propagar o ancestral conceito inscrito no Templo de Delfos, na Grécia, o célebre Conhece-te a ti mesmo, Sócrates ofereceu-nos a rota da emancipação das fobias, ao mesmo tempo em que nos acorda para a sedimentação da confiança, ou seja, da fé…

O notável escritor R. W. Trine[3], afirmou que se educarmos devidamente as nossas forças interiores, dinamizando o potencial que jaz latente em nossa intimidade, terminaremos por acondicionar nossa vida ao que desejamos que ela seja. E disse mais:

Seja dono de você mesmo!

 (…) A criatura que reconhece a si mesma como ser espiritual, ligada às forças divinas, é uma criatura potente…

  Concentrada no Infinito se acha desse modo em relação consigo mesma e tem como que jungido à sua cintura o grande poder do Universo. Atrai, sem cessar, toda classe de forças, porque, concentrada e conhecedora de si mesma, consciente de seu próprio poder, dimanam de sua mente os mais poderosos e sadios pensamentos. E, por ação da Lei de reciprocidade onde cada coisa atrai a seu semelhante, atrairá a si mesma – continuamente –, e de todas as partes, em virtude da sintonia desses pensamentos, outros e outros igualmente vigorosos, ficando desta forma unida com os da mesma ordem em todo o Universo.

 Assim, ao que tem mais lhe será dado. Isto é simples efeito de uma Lei Natural, Lei essa realçada por Jesus e que poucos compreenderam.

 Dos pensamentos vigorosos, positivos e edificadores resultam os êxitos felizes em todas as ocasiões, e de todas as partes chegam auxílio e ajuda. Seu ideal vai se revestindo de forma tangível e manifestando-se no mundo físico pelo efeito de pensamentos sãos e vigorosos. As silenciosas e invisíveis forças que ocultamente atuam se manifestarão cedo ou tarde no mundo visível.  

 O terror e outros efeitos deprimentes nunca se apoderarão de um homem dono de si mesmo, pois ele os rechaçaria sem deixar-se influenciar por eles e muito menos consentiria em atraí-los, pois como as correntes de seus pensamentos habituais são distintas e contrárias, não dará guarida em seu ser à fraqueza, ao pessimismo e tampouco a vacilos.

 Quem, ao contrário, não saiba ser dono de si mesmo, não só verá debilitadas e ainda paralisadas suas energias corporais pelo temor e outras emoções geradas por seu estado de ânimo, como também se relacionará com esta ordem de emoções no mundo exterior. E no grau que assim lhe suceda, chegará a ser vítima da debilidade, do temor e de todos os pensamentos e emoções negativas que flutuam ao redor de sua órbita psíquica. Assim, em vez de acrescentar seu poder, acrescentará sua fraqueza.

 Os pensamentos vigorosos ao mesmo tempo que edificam, atraem do exterior outros semelhantes. O valor engendra fortaleza e o medo debilidade. Daquele nasce o êxito e deste o fracasso.  

 O homem valoroso e intimorato afronta todas as circunstâncias da vida e afiança seu poder contra as adversidades do mundo. O homem sem fé, e em consequência, deprimido e paralisado pelo medo é joguete de qualquer circunstância da vida.

 No interior de cada um reside a causa de tudo o que lhe pode acontecer, e cada qual tem em sua mão a possibilidade de determinar o que lhe suceda.

 Todas as coisas do universo material e visível têm a sua origem no mundo espiritual e invisível, no mundo dos pensamentos. Este é o mundo das causas, aquele o dos efeitos. A natureza do efeito depende da natureza da causa. O que uma pessoa vive no seu mundo invisível dos pensamentos é o que realizará continuamente no seu mundo material e visível. E se quisesse estabelecer condições diferentes no segundo, deve antes fazer as necessárias mudanças no primeiro.  

 O conhecimento desta verdade tiraria milhares de criaturas do abismo da desesperação e aprovisionaria saúde, vigor e abundância aos milhares de homens que gemem e choram na enfermidade, na fraqueza e na penúria…  Com isso obteriam a paz e a alegria os que hoje jazem no pântano do sofrimento e da dor e na desdita do mal.

Disse Virgílio: “Os que creem que podem, esses realmente podem”. Essa atitude da mente infundirá poder espiritual no corpo, dando-lhe a força e a resistência necessárias para o triunfo.

 Agarremos, portanto, com veemência, os pensamentos vigorosos, saudáveis, otimistas, de confiança e consideremo-los como sementes. Plantemo-los na consciência e cultivemo-los. Pouco a pouco cobrarão vigor em todas as partes, focalizando e ativando a força espiritual interior que se dissipava e perdia. Além disso, atrairão outras forças do mundo exterior, o auxílio de outros pensamentos da mesma natureza, isto é, vigorosos, fortalecedores, cooperadores… Desse modo poderemos atrair até nós esta ordem de pensamentos e relacionar-nos com eles. 

 Se com fé e ardor assim o desejarmos, pronto chegará o dia em que todos os temores se terão desvanecido, e em vez de personificarmos a fraqueza e escravizarmo-nos às circunstâncias, seremos donos delas, encontrando em nós mesmos a fortaleza para resistir às vicissitudes que formam o cortejo de óbices em nossos caminhos evolutivos.

Em nossa vida diária necessitamos de fé na eficácia do bem, fé em Deus Infinito, fé em nós mesmos… E ainda quando às vezes nos pareça que falha esta fé e as coisas se nos apresentam envoltas em escuridão, nos bastará recordar que o Poder Supremo cuida de nós como dos Sóis, dos Mundos, do Espaço Infinito, e nos dará a suprema fé na qual poderemos arrimar-nos confiantes.

Já vaticinava o profeta Isaías[4]: Manter-se-á em perfeita paz aquele que em Deus ponha o pensamento.

Nada há mais firme, nem mais seguro, nem mais certo que Deus. Assim, pois, quando reconhecermos que de nossa vontade depende a compatibilidade cada vez mais completa com este Poder Infinito e pedindo que tal poder se manifeste através de nós mesmos, encontrar-nos-emos cada vez mais acrescentados do sentimento de poder, já que por este meio viveremos em harmonia com Deus.

Assim nos encaminharemos ao reconhecimento de que todas as coisas cooperam juntas ao bem de quem a Deus ama. Então o temor e os pressentimentos que em outro tempo nos dominavam, se transmudarão em fé. E a fé retamente compreendida e acertadamente empregada, é uma força a que nada nem ninguém pode resistir.

Compreendemos que viver em harmonia com as Leis Divinas é garantir a felicidade e a paz hoje e amanhã, afastando em definitivo de nosso caminho as angústias e as fobias que em todos os tempos atormentaram e inibiram as criaturas sem fé, ou de fé vacilante, inócua, chegando mesmo muitas delas ao suicídio.

Disse Jesus[5]: Credes em Deus, crede também em mim. Por que temer as procelas se Ele está no leme?!

Abençoada seja a novel Doutrina dos Espíritos que a todos enseja a inabalável fé que a razão arrosta – frente a frente – em todas as épocas da humanidade.                                           

 

Referências:

1 – BÍBLIA, N. T. Marcos. Português. O novo testamento. Tradução  de João Ferreira de Almeida. Campinas: Os Gideões Internacionais do Brasil, 1988. cap. 11, vers. 24.

2 – KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 120. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. cap. XXVII, item 7.

3 – TRINE, Rodolfo Waldo. En armonía con el infinito. Barcelona: Ed. Amelia Boudet, 1992.

4 – BÍBLIA, A. T. Isaías. Português. O antigo testamento. Tradução  de João Ferreira de Almeida. Campinas: Os Gideões Internacionais do Brasil, 1988. cap. 26, vers. 3.

5 – Op. cit. João. cap. 14, vers. 1.

Autor: Rogério Coelho

Fonte: http://www.mundoespirita.com.br


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