“Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões da matéria que conhecemos, referimo-nos aos Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra analogia neste mundo.” (1)

Para espíritos inferiores e medianos no progresso espiritual, muitas necessidades continuam presentes após a desencarnação. Na verdade, não são necessidades reais, haja vista que não possuem mais o corpo físico, fonte geradora e permanente de necessidades e dores.

A fome é uma delas, sobretudo para Espíritos ainda condicionados à vida que levaram na Terra.

Como nossa alma sobrevive à morte do corpo, é natural e esperado que continuemos a ser o que somos agora: permanecemos com nossos pensamentos, gostos, desejos, sentimentos e necessidades.

Mas ocorre que após a desencarnação as necessidades fisiológicas deixam de ser reais pois se referem ao corpo físico que não existe mais. Ora, se não possuímos mais o corpo de carne, não precisamos mais de alimentos para mantê-lo vivo.

Se deixarmos de nos alimentar após a morte não vamos morrer de novo, pois o corpo espiritual ou perispírito não possui a mesma composição nem as mesmas exigências próprias da vida material.

No entanto, mesmo desencarnados, podemos até sentir fome, frio, febre, apresentar doenças e etc., por meio do nosso novo meio de manifestação na condição de desencarnados: o perispírito refletirá fielmente o nosso estado mental, como uma espécie de repercussão do que já ocorreu com nosso corpo em vida.

Assim se manifesta Kardec a respeito: “…é que o cérebro guardou da dor a impressão. Lícito, portanto, será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos do Espírito após a morte”. (1)

Nesse contexto, a mente desempenha o papel principal, ela é nossa essência, portanto permanecemos com os condicionamentos desenvolvidos na vida e, durante um bom tempo, podemos conservar a necessidade de alimentação após a morte.

Novamente Kardec: “Vimos que seu sofrer (do Espírito) resulta dos laços que ainda o prendem à matéria; que quanto mais livre estiver da influência desta, ou, por outra, quanto mais desmaterializado se achar, menos dolorosas sensações experimentará”. (1)

Como a natureza não dá saltos, a Espiritualidade poderá providenciar alimentos condizentes com nossa nova condição, a fim de nos asserenar e podermos, mais adiante, com conhecimento, experiência e mais desprendidos, livrar-nos dos condicionamentos adquiridos na Terra.

Os Espíritos têm a total capacidade de criar uma substância alimentar como frutas, sopas, saladas e etc., e saciarem-se com a ingestão, de acordo com o que nos ensina Allan Kardec. (2)

Basta, para isso, aplicarem o pensamento e a vontade.

Nos hospitais das Colônias Espirituais, alimentos são fornecidos aos enfermos a fim de se revigorarem. Nos centros de reeducação para onde são conduzidos os Espíritos recém-chegados do Umbral, faz parte do tratamento a ingestão, pelos enfermos, de alimentos semelhantes aos terrenos, porém menos densos, até que se adaptem a sistemas de sustentação das Esferas Superiores.

O Espírito André Luiz declara na obra Nosso Lar que, recém-chegado ao Mundo Espiritual, recebeu igual tratamento: “A essa altura, serviram-me caldo reconfortante, seguido de água muito fresca, que me pareceu portadora de fluidos divinos. Aquela reduzida porção de líquido reanimava-me inesperadamente. Não saberia dizer que espécie de sopa era aquela; se alimentação sedativa, se remédio salutar. Entretanto, segundo colocações deste mesmo Espírito, não só os convalescentes têm necessidade de alimentos. Os trabalhadores das Colônias recebem, regularmente, a sua cota de provisões.” (3)

A médium Ivone Pereira descreve uma visita que fez em desdobramento:

Estivemos num “local onde uma mulher sorridente e simpática, deixando entrever certa luminosidade no seu envoltório perispirítico, parecia “cozinhar” para os “habitantes locais”. Sentimos o aroma apetitoso da comida e espionamos: preparada em grandes tachos de cobre, como os que se usavam outrora para o fabrico doméstico da goiabada, afigurou-se ao nosso entendimento tratar-se de leguminosas e hortaliças, as quais se nos desenharam à visão como alfaces, tomates, cenouras, batatas, azeitonas, cebolas, em salada.” (4)

Autor:Fernando Rossit

Fonte:https://www.agendaespiritabrasil.com.br 

Referências Bibliográficas:
(1) O Livro dos Espíritos, item 257, Allan Kardec;
(2) O Livro dos Médiuns, Cap. VIII, item 128, pergunta nº 13, Allan Kardec;
(3) Nosso Lar. Capítulo 3. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier;
(4) Devassando o Invisível, Cap. IV, Ivone Pereira.

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