Não olvides que a caridade, é o coração no teu gesto.


*


Espalharás o ouro a mancheias, entretanto, se não sabes

emoldurar de carinho a tua manifestação de bondade, as moedas

de tua bolsa serão, muitas vezes, escárnio e humilhação, sobre a

dor dos infortunados.


*


Ensinarás a verdade, com segurança, contudo, se a tua palavra

não estiver temperada com a brandura da paciência, quase

sempre, o teu verbo, apesar de nobre e culto, não passará de

azorrague no semblante ferido de teus irmãos.


*


Recorda que a Providência Infinita nos estende o socorro do Céu

de mil modos, em cada instante do dia, e descerrando tua alma à

Grande Compreensão, não admitas que a sombra te avilte o culto

da gentileza.


*

Muitos dão, mas raros sabem dar.

O pão, misturado de reprimendas, amarga mais que o fel e a

lição, que se ajusta a críticas e reproches, pode ser comparada à

tela preciosa que a ironia apedreja.

*


A beneficência não se levanta por bandeira de superfície.


*


Vale mais a tua frase, vasada em solidariedade e entendimento,

para o companheiro que jaz sob o gelo de desanimo, que todos

os tesouros amoedados da Terra.

*


Vale mais teu braço amigo ao irmão caído no precipício do

sofrimento, que a mais ampla biblioteca do mundo em cintilações

verbalistas na tua boca.


*


Lembra-te de que só o amor pode curar as chagas da penúria e

da ignorância e aprende a doá-lo aos que te rodeiam, nas

maneiras em que te exprimes, porque a caridade não é uma voz

que fala, mas um poder que irradia.

*


Abraça a fé que te enobrece a existência e segue o valioso

roteiro que as sua revelações te traçam à luta, mas não te

esqueças de içar o coração, na marcha cotidiana, para que a tua

vida seja, realmente, um poema de luz e fraternidade, consoante

a lição do poema de luz e fraternidade, consoante a lição do

Mestre Divino que, ainda mesmo na cruz, foi o amor generoso e


triunfante, atravessando o vale escuro da morte, para convertê-la

em eterna ressurreição.

Pelo Espírito Emmanuel

XAVIER, Francisco Cândido. Caridade. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 24.

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