Não olvides que a caridade, é o coração no teu gesto.
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Espalharás o ouro a mancheias, entretanto, se não sabes
emoldurar de carinho a tua manifestação de bondade, as moedas
de tua bolsa serão, muitas vezes, escárnio e humilhação, sobre a
dor dos infortunados.
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Ensinarás a verdade, com segurança, contudo, se a tua palavra
não estiver temperada com a brandura da paciência, quase
sempre, o teu verbo, apesar de nobre e culto, não passará de
azorrague no semblante ferido de teus irmãos.
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Recorda que a Providência Infinita nos estende o socorro do Céu
de mil modos, em cada instante do dia, e descerrando tua alma à
Grande Compreensão, não admitas que a sombra te avilte o culto
da gentileza.
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Muitos dão, mas raros sabem dar.
O pão, misturado de reprimendas, amarga mais que o fel e a
lição, que se ajusta a críticas e reproches, pode ser comparada à
tela preciosa que a ironia apedreja.
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A beneficência não se levanta por bandeira de superfície.
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Vale mais a tua frase, vasada em solidariedade e entendimento,
para o companheiro que jaz sob o gelo de desanimo, que todos
os tesouros amoedados da Terra.
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Vale mais teu braço amigo ao irmão caído no precipício do
sofrimento, que a mais ampla biblioteca do mundo em cintilações
verbalistas na tua boca.
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Lembra-te de que só o amor pode curar as chagas da penúria e
da ignorância e aprende a doá-lo aos que te rodeiam, nas
maneiras em que te exprimes, porque a caridade não é uma voz
que fala, mas um poder que irradia.
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Abraça a fé que te enobrece a existência e segue o valioso
roteiro que as sua revelações te traçam à luta, mas não te
esqueças de içar o coração, na marcha cotidiana, para que a tua
vida seja, realmente, um poema de luz e fraternidade, consoante
a lição do poema de luz e fraternidade, consoante a lição do
Mestre Divino que, ainda mesmo na cruz, foi o amor generoso e
triunfante, atravessando o vale escuro da morte, para convertê-la
em eterna ressurreição.
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Caridade. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 24.