Da ideia simples, que insiste, perseverante, à fascinação estonteante,
contínua, até à subjugação vencedora, a obsessão é, em nossos dias,
o mais terrível flagelo com que se vê a braços a Humanidade.
Joanna de Ângelis1
Segundo Joanna de Ângelis, a nobre Mentora de Divaldo Franco[1] Há sempre alguém pensando noutrem. O estabelecimento dos contatos como a continuidade deles é que podem dar curso aos processos obsessivos ou lenificadores, consoante seja a fonte emissora.
O comércio mental funciona em regime de amplas perspectivas, seja no plano físico, seja nas esferas espirituais ou reciprocamente.
Não sendo necessário o cérebro para que a mente continue o seu ministério intelectual, constituindo o encéfalo tão somente o instrumento de exteriorização física, mentes e mentes ligam-se e se desligam em conúbios contínuos, incessantes, muito mais do que seria de supor-se.
O que é normal entre os homens não muda após o decesso corporal.
O ínclito mestre lionês[2] afirma que a obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Joanna de Ângelis utilizou-se da palavra perseverante, o que dá no mesmo…
Sérvios e albanezes se engalfiam em pleno primeiro mundo por simples e absurdas questões de etnia e separativismos; organizações criadas para manter a paz e a ordem no mundo armam-se de tecnologia moderna para as justas beligerantes; católicos e protestantes se matam há séculos em conflitos políticos-religiosos na Irlanda; mulheres perdem a cidadania e a vida nas ignorantes e obsoletas tradições machistas do Afeganistão e adjacências; a fome com sua goela hiante mata de inanição – a cada minuto – milhares de criaturas no mundo inteiro e outros tantos milhares sofrem mais por causa dos desastres econômicos do que pelas ocorrências sísmicas e convulsivas da Natureza, e o caos se instala por todos os quadrantes…
Sem dúvida a obsessão está na raiz da maioria dessas ocorrências, conforme podemos depreender das ilações de Joanna de Ângelis1: a obsessão espocando em condições próprias, quais cogumelos bravos e venenosos, multiplica-se assustadoramente, conclamando-nos todos à terapêutica imediata, cuidadosa, e a medidas preventivas, inadiáveis, antes que os palcos do mundo se convertam em cenários nefandos de horror e desastres.
Amores exacerbados, ódios incoercíveis, dominação absolutista, fanatismo injustificável, avareza incontrolável, morbidez funesta e ciumenta, abusos do direito como da força, má distribuição de valores e recursos financeiros, aquisição indigna da posse transitória, paixões políticas e guerreiras, ganância em relação aos bens perecíveis, orgulho e presunção, egoísmo nas suas múltiplas facetas são as fontes geratrizes desse funesto condutor de homens, que não cessa de atirá-los nos resvaladouros da loucura, das enfermidades portadoras de síndromes desconhecidas e perturbantes do suicídio direto ou indireto que traz novos agravamentos àquele que se lhe submete, inerme, à ação destrutiva.
Hoje, em pleno século da tecnologia, em que os valores éticos sofrem desprestígio, a benefício dos valores sem valor, irrompe a obsessão caudalosa, arrastadora, arrancando o homem das estrelas para onde procura fugir, a fim de fixá-lo no solo que pensa deixar e que se encontra juncado de cadáveres, maculado de sangue, decorrência de suas múltiplas e incessantes desídias.
Jesus, enérgico ou meigo, austero ou gentil, cônscio da Sua missão, ensinou que a terapêutica mais poderosa contra obsessões e desgraças é a do amor, pela vivência da caridade, da renúncia e autossublimação…
Prevendo o futuro de dores que chegaria mais tarde, facultou-nos o Consolador, – a abençoada Doutrina Espírita -, para que todos que nEle cressem não perecessem, mas tivessem a vida eterna.
Mais do que nunca, a oração do silêncio e a voz da meditação, no rumo da edificação moral, se fazem tão necessárias!
Abrir a mente à luz e o coração ao amor, albergando a família padecente dos homens, de que fazemos parte, é o impositivo do Cristo para todos os que creem e, especialmente, para os espiritistas, que possuímos os antídotos eficazes contra obsessões e obsessores, com o socorro aos obsidiados e seus perseguidores, sob a égide de Jesus.
Referências:
[1] FRANCO, Divaldo. Estudos Espíritas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Rio de Janeiro: FEB, 1982, cap. 19.
2 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2001. cap. XXVIII, item 81.
Autor: Rogério Coelho
Fonte: http://www.mundoespirita.com.br