Esta pergunta é provocativa e nos leva a analisar mais a fundo do que as simples respostas decoradas de palestras e encontros espíritas. O espírita está acostumado a ouvir como a doutrina melhora aqueles que nela chegam mas como isso se dá? Quais os pontos são melhorados em nós ao estudarmos esta maravilhosa doutrina?
Para respondermos estas perguntas usaremos o contexto em que a doutrina foi trazida ao conhecimento público. Na época, o positivismo afastava o homem cada vez mais de qualquer ideia espiritual. Tornava-se a humanidade racional no auge de sua maturidade e isso afastava a ciência da religião.
Fez-se necessário que a doutrina dos espíritos viesse para criar um movimento de aproximação entre o espiritual e o material, para que os homens vissem com provas irrefutáveis que o mundo espiritual existia e era dever de todos lutar para melhorar a si mesmo se quiséssemos ter um futuro melhor.
A doutrina se baseava em um pilar muito claro que era o pilar do amor e da caridade. Em suma, o espiritismo pedia de seus adeptos que analisassem a necessidade da famosa reforma íntima, que se praticada de maneira sincera e disciplinada alavancaria o progresso do ser. Alias, o progresso era outro conceito muito falado e relembrado pela doutrina dos espíritos.
Segundo seus conceitos básicos, o homem, desde sua criação, estava fadado ao progresso e à perfeição. Deus estabeleceu esta lei básica que rege todo o seu universo para que tudo na vida evolua conforme suas experiências e seus méritos. Com isso, o código moral trazido pelos espíritos através dos estudos de Kardec se tornaram guia inigualável de auxílio nesta caminhada rumo a melhora de si mesmo.
O espírita passa a ser o aprendiz de Jesus, buscando melhorar em si todas as tendencias menos elevadas e buscando entender as causas das aflições e a importância de evitar novas pendências na encarnação atual. Em sua rotina o espírita que realmente integra todo o conhecimento adquirido em seus estudos passa a controlar melhor suas emoções, busca entender seus sentimentos da melhor forma possível visando sempre agir de forma equilibrada e caridosa.
Há quem sinta enormes dificuldades em aplicar o novo estilo de vida, principalmente por se tornar alvo de escárnio ou de menosprezo pela comunidade em geral. Mas o espírita dedicado e atento à sua necessidade sabe que estas são pedras num caminho necessário para a elevação moral do ser. Talvez a mais importante mudança que se nota no espírita inicialmente seja um despertar da consciência o que leva-o a observar melhor suas atitudes e procurar modifica-las ao longo do tempo.
Diferente do que muitos possam achar o espírita não é modelo algum, sendo apenas alguém que tenta copiar o modelo maior de todos nós que é Jesus. O espiritismo faz com que olhemos para dentro de nós mesmos e busquemos em nós e em seu consolo divino forças para trabalharmos na luta incessante da evolução espiritual.
O espiritismo faz com que as pessoas, inicialmente pela disciplina e a força do hábito, se tornem mais brandas, mais equilibradas, menos tendenciosas ao egoísmo e ao orgulho. Este movimento se dá primeiro pelo peso na consciência moral. Ao ler que devemos perdoar para sermos perdoados sentimos a culpa quando lembramos dos irmãos que não perdoamos, ao ler sobre a cólera e os malefícios que ela traz para o espírito e para o corpo físico sentimos remorso pelas nossas crises coléricas.
A culpa é o passo inicial para o arrependimento e a mudança de rumo do ser. Após esse estado de entendimento em que concluímos depois dos estudos que precisamos mudar, que aquilo faz sentido e que só se cada um vencer a si mesmo poderemos chegar ao reino dos céus que se encontra dentro de cada um de nós, é depois disso que começamos realmente a marcha lenta do progresso.
Até hoje é difícil apontar espíritas que chegaram a níveis evolutivos altíssimos pois é um processo lento em que não existem saltos quânticos. Temos grandes exemplos de espíritas que atuaram de forma cristã em sua missão que alcançaram patamar elevadíssimo de moralidade e estes nos ajudam diariamente no movimento espírita à evoluir e crescer moralmente.
Tomemos como exemplos os grandes espíritos que nos inspiram sempre à estudar, trabalhar e evoluir. Tentemos sempre por como meta principal vencer a nós mesmos, vencer nossas dificuldades, nossos defeitos. É perceptível que o espírita é uma pessoa que tenta. Tenta ser mais paciente, tenta ser mais caridoso, tenta ser melhor, com humildade e sinceridade. Só se chegará no reino dos céus aquele que entender que o reino está dentro de si e que para isso precisa de um olhar voltado para si mesmo.
Autor: Felipe Gama