Silenciar é diferente de fazer silêncio.
Fazemos silêncio quando nos calamos deixando de emitir sons e expressar opiniões.
Silenciamos quando temos momentos de quietude interna no pensar e no sentir, a fim de
registrar aquilo que raciocinando sem parar não percebemos.
Podemos fazer silêncio como forma de protesto, defesa, implicância, indiferença e
mesmo para não nos comprometer.
Silenciar implica em abrir-nos para aprender com o outro, com a natureza e com as
situações cotidianas. Tal estado só é possível quando, apesar da idade, do conhecimento
e das experiências acumuladas, temos olhos e alma de aprendiz.
Sendo aprendizes no fundo do nosso coração, não temos pressa em dizer quem
somos, o que temos, por onde andamos e que saber acumulamos. Não nos move o desejo
de competir, contestar, contrapor ou entrar em qualquer conflito a fim de nos sagrar
vencedores em uma disputa argumentativa.
Neste silenciar, o observar com atenção e o sentir se tornam mais importantes do
que o julgar e qualificar alguém ou alguma coisa.
Passamos a aceitar o que antes nos conduzia a um constante litígio com pessoas,
instituições e conosco mesmos. Descobrimos cor, beleza e sentido naquilo que antes nos
passava despercebido.
Em Mateus (6:1-7), Jesus nos recomenda discrição, modéstia e humildade na prática
do bem, que podemos traduzir também por um silenciar quando fizermos boas obras. É
permitir que o coração e a consciência encontrem contentamento, paz e prazer, sem que
nenhum alarde ou propaganda seja necessária.
Este estado íntimo de quietude e ausência de pressa, gera gratidão e generosidade.
Gratidão diante do corpo, das estações, do trabalho, da família, da grandeza do Universo e
até perante as dificuldades que tanto nos ensinam a desenvolver a perseverança, a
esperança e a fé.
Generosidade, porque a compaixão nos conduz a um estender braços e recursos a
quem precisar, além da gentileza passar a andar um pouco mais de braços dados
conosco.
Aprendemos a aguardar com lucidez o tempo do outro, respeitando com mais
paciência o ritmo alheio, seus olhares, crenças e limitações.
Silenciar nos confere maior serenidade, paz, concentração e foco.
Ouça seu coração, ouça o outro, ouça a vida, torne-se um pouco mais sábio.

Autor: Cezar Braga Said
Fonte: http://www.mundoespirita.com.br

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