O Espiritismo é a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil

“(…) e eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador…”

 (Jo., 14:16.)

Herculano Pires afirma ser o Espiritismo uma verdadeira revolução conceptual! De fato assim

é, pois Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos” estabelece rigorosa diferença de métodos e

objeto entre a ciência espírita e as ciências em geral, vez que aquela se aplica ao estudo do

Espírito enquanto esta aborda as questões pertinentes à matéria. É importante frisar

esta “rigorosa diferença” que por extensão se aplica também aos aspectos filosófico e religioso

do Espiritismo.

O Mestre Lionês chega a afirmar que as ciências são incompetentes para opinar sobre o

Espiritismo. A verdade dessa assertiva se confirmou plenamente no decorrer do tempo desde o

advento da Doutrina Espírita até os dias atuais… Somente agora que as ciências que estudam

a matéria – por ter essa mesma matéria se diluído em energia aos olhos dos cientistas –

começam a se aproximar da ciência espírita.

Sem respaldo doutrinário negam alguns o aspecto religioso do Espiritismo. Teríamos assim

que concluir também que a Doutrina Espírita não é ciência, vez que o próprio Kardec afirmou a

incompetência delas para ajuizar sobre a 3ª Revelação. Mas não é o que se dá…

Quando se diz “filosofia espírita”, não se quer dizer filosofia de forma generalizada como existe

no mundo; quando se diz “religião espírita”, também não se quer dizer religião da forma como a

conhecemos até então, com seu cortejo de dogmas, hierarquias e quejandos…

Assim como não podemos confundir o Espiritismo com as ciências do mundo, também não

podemos confundi-lo com as filosofias sistemáticas e tampouco com as religiões formais

fundadas nos tempos da ignorância.

Com Herculano Pires, entendemos perfeitamente o Espiritismo como uma “revolução

conceptual”. Portanto, a ciência, a filosofia e a religião espíritas não têm absolutamente nada a

ver com o que existe por aí em termos de ciência, filosofia e religião correntes.


Quem postula pelo Espiritismo laico não está fundamentado na documentação kardequiana.

Por ser também religião o Espiritismo não está sujeito a perder-se no oceano das crendices e

superstições. Ele é o “Consolador” prometido por Jesus e a sua função de aproximar o homem

de Deus não é das menores consequências que se desdobram aos seus profitentes,

caracterizando-se, assim o “Re-ligar”, natural, puro, imarcescível, inconfundível…

A Doutrina Espírita mostra-nos o valor do esforço pessoal, exaltando o livre-arbítrio que nos

torna artífices do próprio destino, aponta-nos o rumo certo nos meandros intricados da senda

evolutiva e faculta-nos a fé raciocinada.

O conhecimento espírita é o traço de união estabelecido entre a ciência e a religião que até

então se anatematizavam porque não vislumbravam a interdependência existente entre o

mundo físico e o mundo espiritual, fechando-se, portanto ambos em compartimentos

estanques.

Allan Kardec (1) desenha com riqueza de detalhes o perfil do Espiritismo chamando-o de “(…)

ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a

natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não

mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar

atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje

incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso.

(…) Assim como o Cristo disse: “não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo

diz: “não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” Nada ensina em contrário ao que

ensinou o Cristo; mas, desenvolve completa e explica, em termos claros e para toda gente, o

que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo

anunciou e preparar a realização das coisas futuras”.

Complementa o Mestre Lionês (2): “O Espiritismo vem revelar uma nova força e essa força é a

ação do mundo invisível sobre o visível. Mostrando nessa ação uma lei natural, ele recua ainda

mais os limites do maravilhoso e do sobrenatural, porque explica uma porção de coisas que

pareciam inexplicáveis.

O Espiritismo prova a sobrevivência da alma com fatos patentes, irrecusáveis, como o

microscópio provou a existência dos infinitamente pequenos. Tendo, pois, demonstrado que o

mundo invisível nos envolve, que é essencialmente inteligente, pois se compõe das almas dos

homens que viveram, concebe-se facilmente que possa representar um papel ativo no mundo

visível e produza os fenômenos de uma ordem particular.

(…) Em geral se faz do mundo invisível uma ideia tão falsa, que a incredulidade é uma

consequência. O Espiritismo não só demonstra a sua existência, mas o apresenta sob um

aspecto tão lógico que não há lugar para a dúvida.”

Allan Kardec aduz (3): “o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de

súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por

criaturas sérias, perseverantes, livres de prevenções e animadas de firme e sincera vontade de

chegar a um resultado. Não sabemos como dar esses qualificativos aos que julgam “a priori”,

levianamente, sem tudo ter visto; que não imprimem a seus estudos a continuidade, a

regularidade e o recolhimento indispensáveis.

O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá. Será de admirar que muitas

vezes não se obtenha nenhuma resposta sensata a questões de si mesmas graves, quando

propostas ao acaso e à queima-roupa, em meio de uma aluvião de outras extravagantes?!  

Demais, sucede frequentemente que, por complexa, uma questão, para ser elucidada, exige a

solução de outras preliminares ou complementares. Quem desejar tornar-se versado numa

ciência tem que estudá-la metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o

encadeamento e o desenvolvimento das ideias. Quem quiser instruir-se com os Espíritos tem

que com eles fazer um curso; mas, exatamente como se procede entre nós, deverá escolher

seus professores e trabalhar com assiduidade.”

Paulo de Tarso (4) volta das sombras tumulares para conclamar-nos a “(…) agradecer a Deus

o haver permitido que pudéssemos gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a

possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-nos a compreender os ensinos do Cristo, ela

nos faz melhores cristãos… Esforçai-vos para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam

induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma

coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da

seita a que pertençam.”                                                                

                       


Rogério Coelho

Referências:

(1) KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap.

I, itens 5 a 7;

(2) KARDEC, Allan. Revue Spirite. Outubro de 1862. Araras: IDE, 1993;

(3) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. Introdução,

item VIII; e

(4) KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap.

XV, item 10.

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