Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, o substantivo feminino Fraternidade significa: 1. Convivência harmoniosa e afetiva entre pessoas. 2. Relação de parentesco entre irmãos; irmandade.
Este tema é consideravelmente extenso e está ligado a inúmeros outros, de tal modo que tentaremos abordá-lo somente por alguns ângulos, dentro dos limites de espaço estabelecidos para um artigo.
A fraternidade tem sido buscada de há muito no planeta Terra, tanto assim que o ensinamento maior de Jesus, o Cristo, nosso Modelo e Guia, a contempla de forma implícita em seu próprio enunciado: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, indicando que amar ao próximo como a si mesmo é fazer a ele o que gostaríamos que ele nos fizesse e, por isso, devemos procurar enxergar no próximo um irmão e tratá-lo sempre como tal, quando menos porque somos de fato todos irmãos, filhos do mesmo Pai Universal, apenas que nos encontramos na presente existência em posições e situações diversas, como pai, mãe, filho, tio, tia, avô, avó etc.
Para que não paire nenhuma dúvida, convém observar que o mesmo Dicionário citado, registra que o adjetivo Fraterno (que deriva de fraternidade) quer dizer: 1. Relativo a irmão; do irmão. 2. Que demonstra afeto, carinho.
Importante mencionar que frater, em latim (língua indo-europeia que foi falada no Lácio e em todo o Império Romano), significa irmão, assim como fratello, em italiano, também tem o mesmo significado. A propósito, vale destacar que a Casa Espírita fundada pelo eminente médium Raul Teixeira, com um grupo de companheiros de ideal espírita, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, recebeu o inspirado nome de Sociedade Espírita Fraternidade, assim como os livros por ele psicografados são lançados pela Editora Fráter – Livros Espíritas.
Tais significantes denominações falam por si, dispensando, por isso mesmo, maiores considerações.
Por outra parte, apanhemos um exemplo do século XIX, o mesmo em que o Espiritismo foi registrado por escrito, através do magnífico e estupendo trabalho codificado pelo Professor Rivail, o nosso Allan Kardec, uma vez que o Espiritismo existe desde sempre (O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém pode inculcar-se como seu criador, pois tão antigo é ele quanto a Criação. Encontramo-lo por toda a parte, em todas as religiões, principalmente na religião Católica e aí com mais autoridade do que em todas as outras, porquanto nela se nos depara o princípio de tudo o que há nele,(…)).1
Na Revolução Francesa de 1879 o lema era: Liberdade, Igualdade, Fraternidade, que posteriormente foi citado em duas Constituições da França e que se mantém como ideal até os dias atuais.
Acreditamos que a grande maioria da população terrestre aspire pela convivência harmoniosa e afetiva entre as pessoas, pela fraternidade em si, que certamente tornará a existência de todos (os que agora nos encontramos neste planeta de provas e expiações) mais amena, mais harmoniosa, mais pacífica e, sobretudo, mais amorosa.
Como se vê, não é de hoje que tal pretensão existe. E é bem-vinda por todos os títulos, diga-se de passagem.
O Espírito Joanes, através da psicografia de Raul Teixeira, orienta: Desse modo, faça o melhor dos seus esforços para que o seu aprendizado, obtido aqui, configure a sua mais fecunda relação com o Pai que em você se aloja, que por você e por todos nós atiça as vagas imensas contra os penhascos e incendeia leitos de estrelas, cujo brilho se projeta sobre nós.
Ame e respeite o seu planeta. A nossa Terra é o campo excelente para que nos felicitemos trabalhando, incansáveis, no seio de Deus.2
Com efeito, estamos na Terra para aprender, progredir e nos aperfeiçoar, intelectual e moralmente, ao máximo que nos seja possível.
Se cada um de nós fizer a sua parte, e bem, sem dúvida haverá uma melhoria geral no planeta, um avanço moral, que poderá nos conduzir, mesmo que a pouco e pouco, a níveis melhores de entendimento, de tolerância, de compreensão, de convivência harmoniosa e afetiva, de carinho, de fraternidade em seu mais amplo sentido, de amor na mente e no coração.
Assim, de modo muito reduzido, seria a expressão da reforma íntima de cada um de nós, para melhor, uma das bandeiras do Espiritismo, para que deixemos o homem velho (ser humano) que insiste em nos acompanhar e, pior, prevalecer em nossas decisões, substituindo-o pelo homem novo (ser humano), com novas ideias e práticas, com novas postura e compostura, que procure ser útil onde quer que se encontre, e cada vez mais útil, que seja cumpridor da parte que lhe compete fazer, que a cada dia se torne melhor e, de modo muito especial, uma pessoa de Bem, voltada para o Bem e para a sua prática (O bem é o único dissolvente do mal, em todos os setores, revelando forças diferentes,3 afirma o Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier), com o que estará prestando o seu contributo para o avanço moral da Terra.
Bibliografia:
1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1974. pt. 4, Conclusão.
2 TEIXEIRA, J. Raul. Para uso diário. Pelo Espírito Joanes. Niterói: FRÁTER, 1999. cap. 1.
3 XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 2005. cap. 62.