Quando minha mãe era encarnada, às vezes conversávamos sobre “Deus”. Ela dizia que se alguém nos observasse de cima, nos veria como as formiguinhas na terra fazendo o que devem, mas sem ideia do mundo que as cerca, nem tão pouco de Deus. Achei perfeita a analogia.
Assim estamos num planeta querendo sair da fase de provas e expiações, ainda muito jovem com relação ao Universo, querendo entender quem somos e o que é Deus. Com o avanço tecnológico a ciência ainda quer achar provas materiais da existência de Deus, quer enxergar homenzinhos verdes em outros planetas, quando o óbvio ululante está diante de seus olhos cegos que não se permitem enxergar.
Exatamente não se permitem porque quando a mente humana volta-se para outra perspectiva, é forçada a deixar para trás muitas coisas às quais se apegou e encarar a sórdida realidade de sua ignorância, de seus limites, e muitas outras coisas que a nossa mente, maravilhosa serva do inconsciente, não quer olhar em si mesma, pois dói demais.
Então, Jesus disse estas palavras: Eu lhe rendo glórias Meu Pai, Senhor do Céu e da Terra, por ter ocultado essas coisas aos sábios e aos presunçosos, e por tê-las revelado aos simples e aos pequeninos” (1)
Basta assistir um noticiário na TV e ver quantas pessoa simples entrevistadas sobre desastres naturais ou acidentes dos quais foram vítimas dando seus depoimentos sobre as perdas humanas e materiais que tiveram, para ver que muitas dizem que Deus quis assim, mas que Ele dará força a elas, para enfrentar e superar tudo. Bem aventurados os simples de coração! Elas demostram uma resiliência e força invejáveis e, como têm pouco, rapidamente conquistam aquele “mínimo” com o qual convivem naturalmente, feito as formiguinhas. Os que possuem muito e se acostumam com esse muito, quando perdem tudo ficam desesperados, como crianças sem saber por onde recomeçar.
Será que um desses cientistas inteligentíssimos reagiriam assim? O que faz uma pessoa que não crê numa fonte criadora no leito de morte, a quem apela, por que morrer é um acontecimento solitário? Que sofrimento deve ser achar que vai virar um nada? Mas se vai virar um nada onde ficou a sua inteligência e todo o conhecimento adquirido? E o que fazer disso, já que o nada não existe?
Transcender, de acordo com o dicionário do Google, significa “elevar-se sobre ou ir além dos limites; situar-se para lá de”. Para que a ciência veja além da matéria, precisa ser humilde, sentir-se formiguinha que nada sabe, e olhar para onde nunca olhou, escutar e estudar aqueles que nunca escutou. E não faltam fontes para isso.
Ao assistir documentários científicos sobre a formação do universo, um Espírita deve se perguntar como que eles nunca leram “A Gênese” de Kardec? Vemos que existe um número crescente de espiritualistas que têm a Codificação como base, como um tipo de “Constituição do Universo”, mas não se dizem Espíritas. Está claro na Codificação que palavras são limitadíssimas e são meras convenções. Haverá um dia em que usaremos somente telepatia, e aí, de que valerão os nomes? O resultado é que todos verão que a verdade é que temos um Criador do Universo; que somos espíritos reencarnados para progredir moralmente, desenvolvendo a capacidade de amar; que quando encarnados podemos nos comunicar com os espíritos; que existem mundos habitados com seres diferentes, fisicamente, de nós; que Jesus é o nosso modelo. Simples assim. Somos meras formiguinhas que não viram da missa a metade. Simplicidade é a resposta.
“O mundo está num grande trabalho de gestação… neste trabalho, ainda confuso, domina, entretanto, a tendência para certo fim; o da unidade e da uniformidade, que predispõem para a confraternização. São também sinais dos tempos.” (2)
As formiguinhas deverão se unir cada vez mais, trabalhando muito, a caminho da luz.
Autora: Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Fonte: https://www.agendaespiritabrasil.com.br/
Referências:
(1) M, 11:25; e
(2) Kardec, Obras póstumas, 2ª parte: Regeneração da Humanidade.
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://br.pinterest.com/pin/195765915030975657/ >. Acesso em: 16SET2020.