A fenomenologia de E. Husserl é apresentada como um método de investigação, com o propósito de apreender o fenômeno, isto é, a aparição das coisas à consciência do observador, de uma maneira rigorosa. Como método de pesquisa é uma forma radical de pensar. 

A fenomenologia implica uma consciência, uma relação com objetos e relação com outra consciência.

O filósofo Descartes (René) insiste no caráter originário do Cogito (pensar), como auto-evidência do sujeito pensante – a consciência de si mesmo e princípio de todas as outras evidências, como a presença de ideias no pensamento como forma de conhecimento imediato, no caráter universal e absoluto da razão, na função subordinada da experiência em relação à razão e no dualismo de substância pensante e substância extensa, considerando a liberdade a lei da substância espiritual e o mecanismo como lei da substância extensa. 

A consciência de si mesmo, ou substância espiritual, se confronta com o real empírico e as leis mecânicas do Universo. 

O ser humano, realidade material e espiritual, evidência levantada por Descartes – o dualismo cartesiano, rejeitado pelas correntes do pensamento materialista do mundo ocidental. Esse homem, matéria e espírito é fenômeno visível à outra consciência. O pensamento de Descartes é uma preparação para o advento da Terceira Revelação, o Espiritismo, em meados do século XIX, com Allan Kardec.

Os fenomenologistas devem ter-se perguntado, juntamente com os espiritualistas, Quem somos no momento da concepção? Quem somos nós quando nos fazemos perceber no mundo real? 

As perguntas serão respondidas com uma notável asserção: um espírito reencarnante e um espírito reencarnado, que chora, traduzindo sua insatisfação, porque sabe que passará a habitar um planeta, com o qual vai se acostumando, sofrendo, vivendo, buscando a felicidade e seu  progresso espiritual. 

A criança chega ao mundo trazendo consigo, basicamente, dois princípios fundamentais. O espírito, princípio inteligente do Universo; e o princípio material, distinto do primeiro, mas sendo que a união dos dois é necessária para intelectualizar a matéria. Espírito e matéria são os dois elementos constituintes do universo. E Deus, matéria e espírito constituem a trindade universal. 

A união do corpo com a alma começa no momento da concepção, mas só se completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o espírito designado para habitar certo corpo, a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais vai se apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito que o recém nascido solta, anuncia que ele passa a contar entre os encarnados.

Entre o espírito e a matéria situa-se o fluido universal que desempenha o papel de intermediário entre o espírito reencarnante e o corpo físico, a matéria. Diz Kardec que esse fluido universal, também chamado primitivo ou elementar, é o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhes dá. 

A espécie humana é parte dos elementos orgânicos contidos no globo terrestre. Por isso é que se diz que que a matéria humana se formou no limo da terra. 

O espírito encarna, desencarna, volta a encarnar com o fim de fazê-lo chegar a perfeição e o de colocar o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. 

Na verdade, o homem se constitui de três partes essenciais: 

1 – O corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;

2 – A alma, o espírito encarnado que tem o corpo como sua habitação; 

3 – O princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório do Espírito e liga o corpo à alma. Tal num fruto, o gêrmem, o perisperma e a casca. 

Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, pergunta aos espíritos sobre “Qual o fim objetivado com a reencarnação?” A resposta é: expiação (sofrimento por desrespeito às Leis de Deus), melhoramento progressivo da humanidade. A reencarnação é instrumento da justiça divina, porque “o bom pai sempre deixa a porta aberta a seus filhos.”.

A Irmã Dulce dos Pobres, Santa da Igreja Católica, é o exemplo mais próximo e atual entre nós, do Espírito que alcançou seu grau máximo de perfeição. Essa sua encarnação no Brasil, Salvador, Bahia é a última na Terra, por haver alcançado o estágio de Espírito bem-aventurado, puro Espírito. 

Dia 12 de outubro, dia consagrado à criança, é um momento propício a revermos nossos conceitos sobre criança à luz de uma espiritualidade, formalizada pela Doutrina Espírita. Quem é a criança que chega ao aconchego de um lar? É um Espírito que carrega experiência multimilenares; está reiniciando uma jornada; está firme no propósito de corrigir erros do passado; é um espírito eterno; tem o compromisso de superar os próprios erros; tem como meta evoluir sempre.

Autor: João Vicente

Fonte: https://www.portalviu.com.br/

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