Em novembro de 1865, Allan Kardec publica um artigo na Revista Espírita enfocando uma epidemia que estava acontecendo em Constantinopla (atual Istambul). Intitulado O Espiritismo e a Cólera, ele teve origem em uma mensagem enviada por um espírita daquela cidade onde, além de dar notícia da doença, o advogado e leitor da publicação afirma que os adeptos do Espiritismo não estavam pegando a doença. 

Tendo em vista o atual momento que estamos vivendo, com a Covid-19, acho importante apresentar esse texto – que revela novamente a grandiosidade dessa coleção editada pelo Codificador. Atual, como toda a Codificação Espírita, o texto permite muitas reflexões importantes neste momento de pandemia. 

Optei por usar trechos da própria Revista Espírita, destacando em italic, e fiz apenas alguns comentários no decorrer deste artigo – e os motivos são óbvios: a qualidade do conteúdo deixado pelo grande lider Espírita. 


Espiritismo é para o corpo ou para o espírito? 


Após apresentar trecho da carta enviada poRepos Filho, advogado de Constantinopla, Kardec apresenta um apanhado de mensagens recebidas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – sempre pautadas na coerência doutrinária. Vejamos alguns trechos a seguir. 

Certamente seria absurdo crer que a fé espírita seja um atestado de garantia contra a cólera. Mas como está cientificamente reconhecido que o medo, enfraquecendo, ao mesmo tempo, o moral e o físico, torna mais impressionável e mais susceptível de ser atingido pelas moléstias contagiosas, é evidente que toda causa tendente a fortificar o moral é um preservativo.” 

“Sem dúvida os espíritas podem morrer de cólera, como todo mundo, porque seu corpo não é mais imortal que o dos outros e porque, quando chega a hora, há que partir, por esta ou aquela causa. A cólera é uma das causas que só tem de particular levar um maior número de pessoas ao mesmo tempo, o que produz maior sensação. Parte-se em massa, em vez de isoladamente, eis a diferença. Mas a certeza que eles têm do futuro, e sobretudo o conhecimento desse futuro, que responde a todas as suas aspirações e satisfaz à razão, fazem que absolutamente não lamentem deixar a Terra, onde se consideram como em passageiro exílio. 

“Segue-se que vão negligenciar as precauções necessárias em casos semelhantes e baixar a cabeça diante do perigo? Absolutamente não. Eles tomarão todas aquelas que são aconselhadas pela prudência e por uma higiene racional, porque não são fatalistas e porque, se não temem a morte, sabem que não devem procurá-la. Ora, desprezar as medidas sanitárias que podem preservá-los seria um verdadeiro suicídio, cujas consequências conhecem muito bem para a ele se exporem. (…) Mas se, a despeito de todos os cuidados, devem sucumbir, tomam o seu partido sem queixa (…).” 


Artigo sobre Cólera oferece reflexões em relação à Covid-19 


Assim como a Covid-19, a doença relatada no artigo da Revista Espírita – editada pelo Professor Rivail  entre janeiro de 1858 e abril de 1869 – não possuía cura, sendo a prevenção a forma mais eficaz de combatê-la. Vejamos, a seguir, alguns trechos do texto original. 

“Não existe um remédio universal contra essa moléstia, seja preventivo, seja curativo, visto que o mal se complica de várias maneiras que ora se devem ao temperamento dos indivíduos, ora ao seu estado moral e aos seus hábitos, ora às condições climáticas, o que faz que tal remédio dê resultado em certos casos e não em outros. (…) Há, entretanto, regras gerais, frutos da observação, das quais importa não se afastar.” 

“O melhor preservativo consiste nas precauções de higiene sabiamente recomendadas -em todas as instruções dadas a respeito, que consistem na limpeza, no afastamento de toda causa de insalubridade e dos focos de infecção, e na abstenção de todo excesso.” 

O artigo nos mostra que devemos empreender todos os esforços possíveis para manter nossa proteção e que devemos ouvir os profissionais que têm maior conhecimento sobre assuntos como esse. 

Ele também ressalta que os ensinamentos propostos pelo Espiritismo nos dá um grande alento, conforme podemos ver no parágrafo em que enfoca a diferença da visão de um médico espírita quando se vê diante de um paciente em situação delicada – como a Covid-19, por exemplo. Acompanhe: 

“Meu amigo, vou empregar todos os recursos da Ciência para vos restabelecer a saúde e vos conservar o maior tempo possível. Nós conseguiremos, assim espero. Mas a vida do homem está nas mãos de Deus, que nos chama quando terminada nossa prova aqui em baixo. Se a hora de vossa libertação tiver chegado, rejubilai-vos, como o prisioneiro que vai sair da sua prisão. (…) Se, pois, aprouver a Deus vos chamar a si, agradecei-lhe por vos dar a liberdade; se ele prolongar a vossa estada aqui, agradecei-lhe por vos dar tempo de acabar a vossa tarefa.” 

Diante das incertezas trazidas pelo novo coronavírus, uma certeza nós temos: todas as situações que enfrentamos nos oferece oportunidade de aprendizado e crescimento. E, muito importante: elas passam em algum momento! 

Até lá, é essencial que cuidemos ao máximo de nossa proteção e a de todos os que convivemos, começando pela nossa família. E que a mensagem espírita possa nos dar o fortalecimento necessário para superar esse grande desafio trazido pela Covid-19! 

 

 www.cafecomkardec.com.br 

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