Lutar ou não? Essa indagação muitos encarnados se fazem a fim de avaliar a utilidade do complexo empreendimento da reforma íntima.

O sofrimento lhes será inevitável, pois os seus conflitos internos estarão em ebulição e não bastará a aparência para concretizar verdadeiramente qualquer modificação substancial.

Um dos primeiros entraves a ser removido é a ausência ou a dormência da autocrítica. As pessoas, de um modo geral, julgam-se isentas de avaliações ou se concedem o benefício da dúvida, o que dificulta ou impede o reconhecimento dos seus erros e dos desvios de toda ordem, muitas vezes a movimentá-las com frequência no cotidiano.

Não que todos os seres humanos considerem-se perfeitos. Expressam aos outros que não o são, por certo; intimamente, porém, acham que são menos errados que o seu vizinho, portanto, mais perfeitos que o próximo. Aí está a chave inicial do insucesso na reforma íntima.

A persistência do indivíduo no descobrimento dos próprios defeitos ampliará consideravelmente o âmbito de possibilidades de êxito. Somente quem sabe os males que possui, pode curá-los. A ignorância é um sério entrave na renovação interior.

Forças negativas produzem reações similares. Cultivar maus sentimentos, portanto, cria um universo contraproducente ao encarnado.

Abrindo o coração para o bem, estará tecendo condições para um envolvimento positivo e, com isso, surgirá a possibilidade de ouvir críticas e estabelecer o diálogo acerca dos problemas que cercam sua personalidade e seu modo de agir.

Após ter assimilado o processo de autocrítica, o segundo passo será agir com sinceridade. De nada adianta enganar-se na reforma íntima, porque se assim o fizer ela não será autêntica.

A sinceridade prevê a vontade de ouvir críticas para poder solucionar problemas, não com o sentido de retorsão ou revanche.

Quem critica pode estar ou não no mesmo processo. Se estiver, sua censura será fraterna, com o objetivo de esclarecer e não de ferir, tendo por pressuposto a mansuetude e o amor, príncipe dos sentimentos cristãos.

Caso não esteja, ainda assim, será a objeção recebida com naturalidade e incidirá o perdão sobre aquele que não soube expressar-se ou mesmo assacou uma inverdade.

Uma terceira dificuldade a ser enfrentada é a bagagem secular de erros e mazelas que o Espírito traz consigo ao longo do seu processo evolutivo. São fatores determinantes para a sua maior ou menor resistência ao processo de reforma íntima.

Não se trata de uma desculpa, nem de uma justificativa excludente, mas somente de mais um entrave na sua luta por um progresso interior.

Obstáculo implacável constitui o maior ou menor desapego aos valores cristãos. Sem fé, não há força interna que seja capaz de levar o encarnado ao áspero combate que irá travar consigo mesmo, visando produzir, com eficácia, a sua reforma íntima.

Fonte: extraído do livro “Fundamentos da Reforma Íntima”, de Abel Glaser, pelo Espírito Cairbar Schutel. Casa Editora O Clarim.

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