Ernesto Bozzano nasceu em Savona, província de Gênova, na Itália, em 9 de janeiro de 1862. Era o quarto dos cinco irmãos de uma família rica, e interessou-se, desde cedo, por assuntos ligados à Filosofia, à Psicologia, à Astronomia, às Ciências Naturais e à Parapsicologia.
Aos 14 anos, seu pai o convenceu a abandonar seus estudos e a empreender um trabalho que não era agradável para ele. Apesar disso, a paixão pelo estudo não o abandonou, e foi naquela época que Ernesto dedicou-se sobretudo a leituras humanísticas e filosóficas.
Antes de se converter ao Espiritismo, foi materialista, cético, positivista. Numa época em que o Positivismo empolgava muitas consciências, Bozzano demonstrava-lhe nítida inclinação. Dos postulados positivistas gravitou para uma forma intransigente de materialismo, o que o levou a proclamar mais tarde: "Fui um positivista-materialista a tal ponto convencido, que me parecia impossível pudessem existir pessoas cultas, dotadas normalmente de sentido comum, que pudessem crer na existência e sobrevivência da alma."
Professor da Universidade de Turim, Bozzano era um pesquisador profundo e meticuloso. Todavia, somente após ler diversas outras obras é que Ernesto resolveu dedicar-se com afinco e verdadeiro fervor ao estudo aprofundado dos fenômenos espíritas, fazendo-o através das obras de Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes, Alexander Aksakof , entre outros.
Ele catalogou o conteúdo dessas obras por meio de um classificador alfabético, método precioso e prático que empregaria durante toda sua vida. Adquire, assim, sólida cultura e só depois considera que chegou o momento de por frente a frente os seus conhecimentos teóricos com as pesquisas experimentais.
Como medida inicial para um estudo profundo, Ernesto organizou um grupo experimental, do qual participaram muitos professores da Universidade de Gênova, e fundou na cidade a primeira Sociedade de Estudos Psíquicos: o Círculo Científico Minerva, onde faz experiências entre 1891 e 1906. Tal Círculo promoveu, durante quatro anos, magníficas pesquisas nas quais os experimentadores registram manifestações de toda espécie: pancadas, movimento de objetos, transportes em plena luz, além de provas de identificação espírita.
Também durante três anos, faz experiências com a médium Eusápia Palladino. Obtém, especialmente em companhia dos professores Morselli e Porro, materializações completas de fantasmas em plena luz e estando, ainda, o médium visível ao mesmo tempo. Por toda a sua vida, Bozzano prossegue nas suas numerosas experiências e leituras.
Durante meio século de investigações severas, nada parece indigno de uma análise atenta a esse homem de inteligência prodigiosa. Organizador de estudo experimental, com o valioso concurso de 76 médiuns. Elaborou nove monografias inconclusas.
No decurso de cinco anos consecutivos, graças ao intenso trabalho desenvolvido, esse pequeno grupo propiciou vasto material à imprensa italiana e, ultrapassando as fronteiras, chegou a vários países. Havia-se obtido a realização de quase todos os fenômenos, culminando com a materialização de seis Espíritos, de forma bastante visível, e com a mais rígida comprovação.
OBRAS E ESPIRITISMO
Dentre as mais de trinta e cinco obras escritas por Bozzano, citamos A Crise da Morte, A Hipótese Espírita e as teorias Científicas, Animismo ou Espiritismo, Comunicações Mediúnicas entre Vivos, Pensamento e Vontade, Fenômeno de Transfiguração, Metapsíquica Humana, Os Enigmas da Psicometria, Fenômenos de Talestesia, etc.
O seu devotamento ao trabalho fez com que se tornasse, de direito e de fato, um dos mais salientes pesquisadores dos fenômenos espíritas, impondo-se pela projeção do seu nome e pelo acendrado amor que dedicou à causa que havia esposado e defendido com todas as forças.
Um fato novo veio contribuir para robustecer a sua crença no Espiritismo: a desencarnação de sua mãe, em julho de 1912, que serviu de ponte para demonstração da sobrevivência da alma. Bozzano realizava, nessa época, sessões semanais com um reduzido grupo e com a participação de famosa médium.
Realizando uma sessão na data em que se dava o transcurso do primeiro ano da desencarnação de sua genitora, a médium escreveu umas palavras num pedaço de papel, as quais, depois de lidas por Bozzano o deixaram assombrado. Ali estavam escritos os dois últimos versos do epitáfio que naquele mesmo dia ele havia deixado no túmulo de sua mãe.
A psicografia que Ernesto Bozzano recebeu de sua mãe marcou profundamente a sua conversão ao Espiritismo. Ele estudou e pesquisou muito. Leu, com afinco, tudo quanto lhe foi possível sobre ciências psíquicas e, especificamente, sobre o Espiritismo, mas não reduziu o seu campo de trabalho aos estudos de gabinete, pois era um homem afeito à observação e à investigação. Corajoso em suas afirmações, proclamou a validade das teses espíritas sem temer os preconceitos acadêmicos e as ojerizas religiosas.
Ernesto Bozzano desencarnou no dia 24 de junho de 1943 em Savona, Itália, aos 81 anos. Quando da sua morte, seu parceiro de trabalho, Gastoni de Boni (1908-1986), herdou toda a sua biblioteca e criou, então, uma sociedade chamada de Fondazione Biblioteca Bozzano De Boni. A fundação existe até os dias atuais, possui um site e amplo acervo das obras de Bozzano, muitas das quais desconhecidas para o público.
Fontes: