A importância do culto cristão no lar é fundamental e um tema bem conhecido dos espíritas. Diz Bezerra de Menezes que muitos dos que partem para a vida espiritual, finda a existência corporal, costumam permanecer apresados à trilha corpórea. Encontram-se desencarnados, mas não libertos; invisíveis, mas não ausentes. A prece e a leitura de uma página do Evangelho podem, sem dúvida, ajudá-los muito na necessária readaptação à vida espiritual.
A origem do culto cristão em família encontramos numa proposta de Jesus, como Neio Lúcio narra no cap. 1 de seu livro “Jesus no Lar”, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

No meio espírita, a ideia dessa prática nasceu com Allan Kardec, como o leitor pode ver na  Revista Espírita de 1864, p. 234.

Eis como Kardec tratou do assunto na Revista Espírita de 1864:

“Vários de nossos assinantes nos testemunharam o lamento de não terem encontrado, em nossa A Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo(1), uma prece especial, para a manhã e a noite, para o uso habitual. Faremos notar que as preces contidas nessa obra não constituem um formulário que, para ser completo, deveria delas conter um muito maior número. Elas fazem parte das comunicações dadas pelos Espíritos; nós as juntamos, no capítulo consagrado ao exame da prece, como juntamos, a cada um dos outros capítulos, as comunicações que poderiam a eles se relacionar. Omitindo, de propósito, as da manhã e da noite, quisemos evitar de dar, à nossa obra, um caráter litúrgico; por isso nos limitamos às que têm uma relação direta com o Espiritismo, cada um podendo encontrar as outras nas de seu culto particular. Todavia, para obtemperar o desejo que nos foi manifestado, damos a seguir a que nos parece melhor responder ao objetivo que se propôs”. (Revista Espírita de 1864, pág. 234.)
A prece então sugerida por ele foi a conhecida Oração Dominical, que o codificador do Espiritismo recomendou expressamente como sendo a mais indicada para as preces da manhã e da noite.
Foi então que, na mesma oportunidade e no mesmo texto, Kardec sugeriu que uma vez por semana, por exemplo no domingo, poder-se-ia consagrar à prece um tempo mais longo, a isto acrescentando a leitura de algumas passagens do Evangelho e a de algumas boas instruções ditadas pelos Espíritos.

Foi Joanna de Ângelis, contudo, quem primeiro descreveu os benefícios do culto cristão no lar, em linda página que compõe o cap. 59 de sua primeira obra, “Messe de Amor”, psicografada por Divaldo Franco.

Eis o que a mentora espiritual do estimado confrade escreveu a respeito do assunto:
“Dedica uma das sete noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa. Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora. Jesus virá em visita.

Quando o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. Quando a família ora, Jesus se demora em casa. Quando os corações se unem nos liames da fé, o equilíbrio oferta bênçãos de consolo e a saúde derrama vinho de paz para todos.

Jesus no Lar é vida para o Lar. Não aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invariável.
Distende, da tua casa cristã, a luz do Evangelho para o mundo atormentado.
Quando uma família ora em casa, reunida nas blandícias do Evangelho, toda a rua recebe o benefício da comunhão com o Alto. Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos Céus a prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia, qual lâmpada ignorada, acesa na ventania.
Não te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares. Continua orando fiel, estudando com os teus filhos – e com aqueles a quem amas – as diretrizes do Mestre e, quanto possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova e examina as dificuldades que te perturbam ante a inspiração consoladora do Cristo.

Não demandes a rua, nessa noite, senão para os inevitáveis deveres que não possas adiar.
Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar. E quando as luzes se apagarem à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, possas, em casa, uma vez por semana em sete noites, ter Jesus contigo.”

Referências:

Jesus no Lar - Neio Lúcio / psicografado por Francisco Cândido Xavier.

Revista Espírita de 1864, p. 234.

Messe de Amor - Joanna de Ângelis /  psicografada por Divaldo Franco.

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