É muito interessante observar e constatar, especialmente na medida em que avançamos em idade nesta existência terrena, como, em geral, somos principiantes, novatos, aprendizes em quase tudo e notadamente no campo do conhecimento.
A veneranda Doutrina Espírita, para citar um único exemplo, em variadas passagens de suas cinco obras básicas, recomenda que as leiamos e as estudemos de modo continuado e permanente, a fim de a conhecermos e a compreendermos para nos tornarmos melhores, mais úteis, muito mais felizes, capazes de contribuir para a construção de uma sociedade melhor e mais justa, com influência direta e positiva na melhoria das relações humanas e sociais.
Lendo o livro A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo, a quinta e última obra básica, publicada em 6 de janeiro de 1868, vemos que o capítulo VI, intitulado Uranografia Geral, traz no rodapé a seguinte Nota de Allan Kardec:1 Este capítulo é textualmente extraído de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título Estudos uranográficos, e assinadas GALILEU. Médium: C. F. Nota do Tradutor: Estas são as iniciais do nome de Camille Flammarion.
Desse capítulo, reproduzimos um pequenino trecho de As estrelas fixas:2
O sol central, de que acabamos de falar, também é um globo secundário relativamente a outro, ainda mais importante, ao derredor daquele ele perpetua uma marcha lenta e compassada, na companhia de outros sóis da mesma ordem.
Poderíamos comprovar esta subordinação sucessiva de sóis a sóis, até que a nossa imaginação cansasse de subir a uma tal hierarquia, porquanto, não o esqueçamos, em números redondos, uma trintena de milhões de sóis se pode encontrar na Via Láctea, subordinados uns aos outros, como rodas gigantescas de uma engrenagem imensa.
No século XIX, portanto, a indicação era de que se podiam encontrar trinta milhões de sóis somente na Via Láctea.
Na edição histórica dessa obra, publicada em junho de 2013, a Federação Espírita Brasileira, sua editora, lançou a seguinte nota de rodapé: Atualmente, a Ciência atribui à Via Láctea uma assombrosa quantidade de estrelas, que varia de 200 a 400 bilhões de sóis.
Para enfatizar: Há um mínimo de duzentos bilhões de sóis somente na Via Láctea!
Duzentos bilhões de sóis!
E nas demais milhares e milhares de galáxias, quantos há?
Galáxia. Sistema estelar que consiste em estrelas, planetas, satélites, nebulosas, poeira cósmica etc.; a galáxia; a Via Láctea. Qualquer conjunto estelar análogo a esse sistema.3
Reconhecemos que, por mais que nos esforcemos, por mais que nos concentremos, por mais que procuremos traçar analogias, por mais que reflexionemos, não conseguimos ter a mínima ideia do que possa ser ou efetivamente seja tão assombrosa e bilionária quantidade de estrelas.
Os dados aqui apontados são ou podem ser motivo de desânimo?
Absolutamente não. Ao contrário, constituem motivo para que sigamos em frente, lendo, estudando, aprendendo, crescendo e evoluindo sempre, uma vez que somos Espíritos imortais e indestrutíveis, que levaremos para todo o sempre o conhecimento adquirido e consolidado. Nada se perde, porquanto a individualidade é inteiramente preservada.
Daí a importância de sermos atentos, de prestarmos atenção em tudo, de sermos observadores do dia a dia, do que se passa à nossa volta, adquirindo informação, experiência, maturidade, conhecimento.
Não por acaso, aconselhou Jesus, nosso Mestre e Amigo de todas as horas: Olhai, vigiai e orai.4
Todos temos condições de aprender todos os dias, seja no que for, no ritmo de cada um, ainda que devagar, mas com determinação, com disciplina, com vontade.
São infinitas as possibilidades de aprendizado, como infinito é o Universo.
Como é bom poder aprender a cada dia.
Como é bom ser aprendiz.
Por Antônio Moris Cury
Referências:
- KARDEC, Allan. A Gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2013. cap. VI. Rodapé.
- cit. cap. VI, item 43.
- DICIONÁRIO Escolar da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2012.
- BÍBLIA, N. T. Marcos. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966. cap. 13, vers. 33.
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